“A sua fama, porém, se propagava ainda mais, e ajuntava-se muita gente para o ouvir e para ser por ele curada das suas enfermidades. Ele, porém, retirava-se para os desertos, e ali orava”. Lucas 5:15-16
Quando a fama de Jesus começou a aumentar, ele percebeu que era hora de ir para o deserto a fim de não ser louvado pelos seus feitos. Jesus Cristo não queria ser louvado na forma humana, aguardava humilde e pacientemente sua glorificação. Certamente que os líderes evangélicos da atualidade não têm nenhuma inspiração em Jesus! Ao contrário, se possível, ter mais fama é um sinal de um ministério “poderoso”, dizem eles!
Deixando a argumentação acima, gostaria de, neste texto, dar um fundamento para que você entenda o motivo pelo qual o deserto não é local para ser evitado a todo custo.
O testemunho de Jesus Cristo nos ensina que o deserto não é um lugar para ser evitado, mas sim um lugar para ser compreendido. Se nós pudéssemos entender essa questão: qual o motivo pelo qual Jesus Cristo continuamente voltava ao deserto? Acho que seria reconfortante. Ele retornava ao deserto aonde as Escrituras, no capítulo quarto do mesmo livro de Lucas, dizem que ele foi tentado, jejuou, passou por privações pessoais como fome e, talvez, até mesmo a falta de higiene corporal básica como um banho. Local onde o inimigo, com sua mente diabólica, lançou todo o inferno contra ele, mas que no fim a vitória foi alcançada. Aleluia! Pensar nesse deserto, dessa forma, se fosse conosco, diríamos: “estou fora, voltar lá nunca mais”. Pense no local mais desconfortável que você já esteve e como você não deseja, se quer, pensar em passar por perto dele novamente, quanto mais visitá-lo esporadicamente.
Mas precisamos entender uma coisa, havia algo de Deus naquele local. Algo sobre vigor, força podia ser encontrado lá e, assim, Jesus continuava a “repousar” no deserto. Independente do que estava acontecendo na sua vida, fosse virtude, curas, fama, era para lá que ele se recolhia.
Êxodo 3:18 nos ensina sobre o livramento do povo de Deus do seu cativeiro quando estava no Egito. Qual era o livramento? Envolvia uma jornada de três dias no deserto, com tempo para sacrificar e adorar a Deus naquele local. Não eram três dias para o povo sair e depois aproveitar e fugir. Lembre-se que Moisés e Arão foram até faraó para pedir que o povo fosse liberado por três dias, a fim de poderem estar longe de tudo o que os cativava no Egito, ou de qualquer conforto propiciado por aquela nação extremamente próspera, para estarem no deserto.
Em Êxodo 14:3 (“E ouvirão a tua voz; e irás, tu com os anciãos de Israel, ao rei do Egito, e dir-lhe-eis: O SENHOR Deus dos hebreus nos encontrou. Agora, pois, deixa-nos ir caminho de três dias para o deserto, para que sacrifiquemos ao SENHOR nosso Deus.”) podemos ler que faraó acreditou que o povo judeu que estava no deserto, depois de terem saído definitivamente do Egito, seria um povo desprovido de poder, sem qualquer recurso natural, estariam cansados, literalmente perdidos sem rumo ou destino. Então ele reune seu exército, suas armas e carruagens e vai atrás do povo que está preso no deserto. Mas como um homem natural (carnal), ele não vê nenhum valor no deserto, obviamente porque não consegue ver Deus nele; ele não entende. Mas é exatamente no deserto que o poder maravilhoso de Deus começa a ser revelado. É no deserto que o homem espiritual (não o religioso) começa a andar e conhecer a Deus, mas o homem carnal não consegue acompanhá-lo.
Se você evitar o deserto, nunca experimentará o poder miraculoso e os caminhos sobrenaturais de Deus, nunca podendo inteiramente entender que Deus pode abrir caminhos de impossibilidade diante dos seus olhos, por onde somente pessoas espirituais podem passar, mas não as carnais. Aqueles que precisam descobrir por si sós como as coisas devem ser, aqueles que precisam saber de tudo primeiro, aqueles que se apóiam nas suas próprias forças, aqueles que querem fama e notoriedade, aqueles que querem fazer as coisas da sua maneira também não podem transitar por esses caminhos.
Levíticos 16:22 (“Assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra solitária; e deixará o bode no deserto.”) nos ensina que o pecado é lidado dentro do deserto. Mas os carnais disso nada entendem e os religiosos evangélicos se aproveitam de textos como esses para distorcer a palavra de Deus e ludibriar as ovelhas de Cristo, criando novas heresias. Até antevejo, brevemente, quem sabe, ouviremos algo parecido como: “se você quiser ter seus pecados perdoados, venha para o culto do bode solitário, na nossa sede”.
De qualquer forma, esse é outro propósito do deserto. Deus começa a nos falar de coisas que não estamos desejosos de ouvir, de coisas que nunca cogitamos antes, talvez como aquelas que estão nos escravizando, distrações da vida. Nós fechamos nossos ouvidos para elas e Deus, na sua infinita misericórdia, nos leva para o deserto. Ele tira todas as distrações materiais para levar o seu povo amado para um lugar aparentemente inabitável, a fim de iniciar seu tratamento em nós.
Deuteronômio 8:16 (“Que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheceram; para te humilhar, e para te provar, para no fim te fazer bem.”) nos afirma que uma provisão sobrenatural foi descoberta no deserto. Foi no deserto que o maná, uma provisão alimentícia celestial, não visível ou disponível em outro lugar qualquer, durável apenas por 1 dia, apareceu pela primeira vez. Aleluia! E se alguma vez já existiu um momento em nossas vidas que precisássemos de uma provisão sobrenatural, diante de tudo o que estamos ouvindo e vendo (princípio das dores), esse tempo é hoje. Se houve alguma época das nossas vidas que precisássemos mais de Deus, posso afirmar que este é o momento.
I Samuel 17:28 (“E, ouvindo Eliabe, seu irmão mais velho, falar àqueles homens, acendeu-se a ira de Eliabe contra Davi, e disse: Por que desceste aqui? Com quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção, e a maldade do teu coração, que desceste para ver a peleja.”) vemos que um dos irmãos mais velhos de Davi o acusou de orgulho e fraqueza porque ele estava vivendo no deserto com apenas algumas poucas ovelhas. Em outras palavras, o irmão dele quis significar: “você não frequentou a escola que nós fomos, você não tem as armaduras que nós temos, você não tem o treinamento que nós temos, nós não vimos você em um dos nossos bem sucedidos seminários/treinamentos para líderes. Olhe por onde você tem andado Davi? Você tem vivido no deserto! Você acha que Deus está lá com você? Você pensa que encontrou força lá?”
Posso até imaginar Davi olhando para o seu irmão e pensando: “por que será que ele não está vendo aquilo que eu vejo ou da forma que eu compreendo o problema? Estou tentando imaginar o motivo pelo qual meu irmão e os outros soldados deixam que esse incircunciso fique zombando, todos os dias, do nosso Deus, sem fazer nada? Eu encontrei algo no deserto, eu encontrei uma força sobrenatural no deserto, eu descobri que quando em dificuldade, clamava a Deus e nem mesmo um leão ou urso podiam suportar a força sobrenatural que Deus colocava nas minhas mãos lá no deserto."
Salmo 74:14 diz assim: “Fizeste em pedaços as cabeças do leviatã, e o deste por mantimento aos habitantes do deserto”. A Palavra de Deus nos afirma que a cabeça de satanás foi pisada pelo Senhor Jesus Cristo e que essa mesma vitória será dada para aqueles que vivem no deserto. Aleluia!
Portanto, saiba que quando Deus estiver lhe atraindo para o deserto, é porque Ele tem algo para trabalhar na sua vida. Ele quer estar com você para lhe capacitar sobrenaturalmente com seu poder. É no deserto que Deus nos ensina e nos prepara para a obra que o Senhor tem para nós.
No livro dos Cânticos de Salomão 8:5 diz que há uma noiva que sobe do deserto e vem encostada no seu amado. É desta forma que a Igreja de Jesus Cristo vencerá, saindo fortalecida do deserto, ladeada pelo seu Amado. Glória a Deus!
É isso aí. Fique na paz.
Escrito e publicado aqui por Éber Stevão