"E
disse Deus: Haja luz; e houve luz." Gênesis 1:3
Essa é a luz que conhecemos no
amanhecer de cada novo dia? Certamente que não, pois os astros só foram criados
no terceiro dia como lemos: "E disse Deus: Haja luminares na expansão dos
céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e
para tempos determinados e para dias e anos. E sejam para luminares na expansão
dos céus, para iluminar a terra; e assim foi. E fez Deus os dois grandes
luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar
a noite; e fez as estrelas. E Deus os pôs na expansão dos céus para iluminar a terra.
E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as
trevas; e viu Deus que era bom."
(Gênesis 1:14-18)
Então que luz é essa que está descrita
no terceiro versículo do livro da Criação?
Quando
lemos "E disse Deus: Haja luz; e houve luz." existem dois
aspectos para serem considerados.
O primeiro é que Deus no processo de criação do mundo inicia tudo por meio da sua
palavra, da sua voz, do seu verbo, do seu comando. Quando vamos lendo os
primeiros versículos do livro da criação, compreendemos que Deus vai falando e
as coisas vão surgindo pelo poder que nEle há; pelo poder das suas palavras. É
o poder da criação inerente à natureza divina.
O segundo é que
se for defendido que Deus só cria a luz, a claridade, a partir do momento que
"Vayomer
Elohiym yehiy or" (ver o versículo 3 no hebraico original), teremos que
aceitar então que Deus vive na escuridão, nas trevas, que é um Ser do escuro e
não possui luz em si mesmo. Esse segundo ponto levantado é totalmente contrário
à natureza divina, pois o apóstolo Paulo afirma, pelo Espírito Santo, que o
próprio Deus é "Aquele que... habita na luz inacessível." (I Timóteo 6:16). Então, a luz não pode ter criada nesse momento quando “...disse
Deus: Haja luz.”. A luz na eternidade que antecede o momento, o ato
da criação já existia, pois Deus já existia.
Por outra linha de pensamento se Deus tudo cria por sua palavra,
deveríamos, então, chegar à conclusão que a fala de Deus também cria Jesus, uma
vez que Jesus diz de si mesmo que ele é a luz do mundo (João 8:12a). Jamais! Isso é uma heresia.
Para se opor àqueles que poderiam assim pensar em João 1:1,14
diz que "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua
glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade."
Então Deus não criou a Jesus,
que é a Luz, pela sua declaração de voz porque Jesus estava com Ele desde a
criação do mundo. Jesus Cristo que é Deus já existia e até mesmo em João 1:10b
diz que Jesus fez o mundo. Então a Palavra de Deus não pode se contradizer.
Se compreendermos que Deus estava iniciando sua tremenda criação,
o universo, a terra e tudo o que o neles há, essa criação estava na escuridão,
era vazia e Ele estava dando forma a algo que ainda estava na sua sabedoria.
Então, é possível compreender que Deus passa a "emprestar" sua própria
luz para sua criação que se encontrava em trevas. E isso é tão verdade acerca
de Deus que no Salmo 104:2a assim diz: "Ele se cobre de luz como de um vestido." Logo quando Deus fala "Haja luz..." esse é o comando
dEle para que a sua luz, a luz que sempre existiu, a luz inacessível, que não
conseguimos compreender ou até mesmo imaginar venha e adentre a sua criação.
Essa é a luz do mundo.
Mas
a luz que emana de Deus não poderia ser a claridade constante para a terra e
para os homens, pois da forma que Deus tudo concebeu seriam necessários dia e
noite, sol e luar, acordar e dormir, trabalhar e descansar. Assim Deus acha por
bem criar o luminar maior para representar o dia e o luminar menor para guiar a
noite. Passamos a não mais ter a luz divina na criação, mas os próprios
elementos da criação para orientarem o espaço de tempo e o tempo no espaço,
pois Deus só cria o antes e o depois por causa do homem uma vez que Ele vive no
eterno.
Nunca
conhecemos essa luz de Deus que alumiou a criação e quando ela se retrai e os luminares
passam a orientar os seres vivos, vamos entender que o mundo não é Deus, que
Deus não está nas coisas criadas e que elas são partes de Deus, como alguns
afirmam. O que foi criado é apenas obra de Deus, assim como o vaso de barro é a
criação do artesão.
Para
conhecermos essa Luz que é chamada à existência lá no versículo 3, que é a
própria essência de Deus, precisamos conhecer a representação dela que está em
Cristo Jesus. Jesus sempre brilhará na escuridão e "O povo que caminhava em trevas
viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma
luz." (Isaías 9:2)
E todos aqueles que almejarem ver e conhecer
a Luz eterna serão guiados por ela, pois "Conduzirei os cegos por
caminhos que eles não conheceram, por veredas desconhecidas eu os guiarei;
transformarei as trevas em luz diante deles e tornarei retos os lugares
acidentados. Essas são as coisas que farei; não os abandonarei."
(Isaías 42:16)
Não importam as trevas, não interessa a
negra escuridão, o soturno nunca apagará a luz de Deus, pois "A luz brilha
nas trevas" (João 1:4b) e das trevas seremos resgatados por
Jesus Cristo, a Luz do mundo.