quinta-feira, 28 de maio de 2009

SANTA CEIA: AFINAL, ELA É DE QUEM?

A verdade tem de ser dita, custe o que custar. Mais uma verdade precisa ser apregoada com amor às ovelhas de Cristo, mas como um alerta claro para os pastores e líderes das igrejas evangélicas: “Parem de fazer da santa ceia de Jesus Cristo, um momento para apregoar a sua santidade pessoal. A ceia é do Senhor e não sua ou da sua igreja. A ceia de Jesus não lhes pertence, mas sim, às ovelhas do Cristo vivo!”

A respeito da santa ceia que é um pedido que o Senhor Jesus nos faz para que pratiquemos o cear juntos com outras pessoas. Tenho por certo que ela tem um fim na comunhão contínua com Ele, e não uns com os outros, através do relembrar da sua tão grande doação. Não quero afirmar categoricamente que é um mandamento de Cristo, porque as palavras que aparecem no texto bíblico não foram “Eu vos ordeno” ou “Eu vos mando”, mas ao invés disso, diz duas vezes “fazei isto” e uma apenas “todas as vezes”. No primeiro termo, temos uma voz de comando com conotação de mandamento. A segunda expressão, nos dá a entender que essa conduta seria realizada várias vezes.

Mas para que não me julguem erroneamente, e antes que o façam, independente de ser um mandamento claro ou pedido de Jesus Cristo, quero obedecer a ambos com o maior prazer, pois foi o meu amado Mestre quem disse para fazer em memória dEle. Portanto, entendo que a ceia deve ser celebrada regularmente.

As igrejas que são legalistas, e no meio evangélico há muitas delas, que preferem seguir a Lei Mosaica misturada com a Graça, ao invés de viverem somente na Graça, são as que mais impõem restrições no culto com ceia.

Existem igrejas que celebram a ceia no primeiro domingo do mês, outras no segundo, e ainda outras no último domingo de cada mês. Tudo bem quanto a isso. Que cada igreja determine a data que melhor lhe convier, pois Jesus não mandou que fosse em uma data específica.

A forma de cear, se é com vinho ou suco natural de uva, copinho de vidro ou de plástico, pedacinhos de pão francês ou bolinho minuto, tanto faz, pois o importante é ter os dois elementos, líquido e o sólido, vinho e pão, que simbolizam o sangue de Cristo vertido na cruz do calvário e o seu corpo que foi machucado - porque nenhum dos seus ossos foi quebrado, conforme profecia bíblica de Salmo 34:21 - por nós.

De forma alguma creio na transubstanciação, pois isso é doutrina de demônios! Infelizmente ensinada na igreja católica. Que triste, pois é uma mentira satânica e os fiéis estão crendo nessa bobagem ensinada pelos padres! Ninguém come pedacinho do corpo de Cristo ou bebe o sangue dEle na hora da ceia, pois não somos canibais nem morcegos. Muito menos aceito a consubstanciação, pois Jesus não está presente naqueles elementos, misturados a eles. A ceia é apenas um símbolo do sacrifício de Cristo que Ele mesmo nos pediu “fazei isto em memória de mim”. Para relembrarmos sempre; só isso.

Dois textos são empregados para a celebração da ceia. A Bíblia diz em Mateus 26:26-28 “Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; pois isto é o meu sangue, o sangue do pacto, o qual é derramado por muitos para remissão dos pecados.” Aqui é a ceia celebrada com Cristo ainda presente corporalmente entre os discípulos.

Em 1 Coríntios 11:23-31 temos uma descrição mais detalhada do que se passou na comunhão citada em Mateus: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados." (Ênfase minha)

Quando freqüentava a Assembléia de Deus, um dos cultos de santa ceia me chamou por demais a atenção. Aquela reverência toda mais parecia um funeral do que uma celebração pela lembrança da entrega de Jesus Cristo na cruz do calvário e sua ressurreição por nós, pois foi esse ato de amor de Deus que nos garante a certeza da vida eterna. A coisa toda começou depois da leitura do texto, que também vimos acima, de I Coríntios 11.

Logo após a leitura bíblica, o pastor “desembestou” a exortar quem poderia participar daquela ceia - realmente era a ceia dele, da igreja local, sei lá, mas certamente não a ceia que Jesus nos pede para que façamos em memória dele. E assim foi: “se você ainda não aceitou Jesus como seu Salvador, se você ainda não se batizou, se você ainda não é membro da igreja local ou de outra igreja evangélica, se você não está em plena comunhão com a sua igreja local, se você não é dizimista fiel, se você não está sob disciplina do seu pastor...”, ainda disparou alguns outros tiros, que nem me lembro mais, pois a essa altura me deu vontade de levantar e interromper o culto, pedindo que a Bíblia fosse lida novamente, pois a essa altura o rebanho já estava disperso, e parasse com a papagaiação. Continuou ele: “então você não pode participar da santa ceia do Senhor, ‘pois quem come e bebo sem discernir, come e bebe para sua própria condenação’ ”. Creio que o que realmente faltara para aquele pastor fora discernimento, só pode.

De onde aquele pastor tirara todos aqueles impedimentos? Em que Bíblia que ele lera aquelas pré-condições? Ou será que ele aprendera essa fala no seminário? Se foi, mande-se fechar esse seminário! Quem sabe tenha sido herança cerimonial, aprendida com um pastor mais velho, mais experiente, mas que também cometia os mesmos erros. Confesso que me entristeci no espírito e perguntei ao Senhor se era mesmo assim.

O pastor, ao invés de trazer os aspectos positivos daquele abençoado momento de Graça (como por exemplo, “se você ama a Jesus Cristo de todo o seu coração, independente de como está, participe da ceia dEle, pois é Ele quem lhe ama e lhe chama”), ele preferiu os argumentos negativos, impositivos, depreciativos. Um peso tão grande conferido aos membros, que é como se somente os líderes da igreja estivessem ao alcance - aptos - de poderem participar daquele momento sublime. Negam o que tem de mais nobre para a ovelha de Cristo, se agarrar a Ele, mesmo com todos seus pecados, pois nós todos temos e não podemos pagá-los. É como se o restante das ovelhas fossem inaptas para tanto. Ainda esse tipo de atitude pastoral, avilta o auto-julgamento que cada um de nós tem para se avaliar. Até parece que temos que passar primeiro pelo crivo pastoral, para depois participar da ceia. Mas a Bíblia ensina ao contrário: “Examine-se pois o homem a si mesmo...” (I Coríntios 11:28a)

Quem sabe eu não estava sendo “santo” o suficiente para entrar no padrão pastoral para tomar a ceia! Nesse período li e reli várias vezes o texto, tentando pedir ao Espírito Santo que me revelasse as coisas que estavam escritas na Sua Palavra, pois os vocábulos vindos do pastor eram contrários aos dEle! Após alguns minutos ouvi Deus falar comigo claramente “Não é isso que tenho para minha igreja e Eu não julgo como o homem julga”.

Participei daquela ceia chorando, mas não somente por relembrar os aspectos inerentes à comunhão com Cristo, mas agora sim por uma igreja professante de Jesus que tem líderes religiosos, legalistas, mais preocupados com a letra - nem que inventem algumas - do que com o Espírito que vivifica. Foi o tempo de comer e beber para sair e ir embora para chorar e orar a Deus pedindo por uma mudança na sua igreja.

O mais triste não é que a essa fala continua a se repetir através daquele mesmo pastor, mas outros se assemelham, fazendo o mesmo, quem sabe a fim de não desagradarem o pastor líder ou “atacar” aos dogmas - doutrina - daquela igreja. Não querem se quer fazer um esforço para agradar a Jesus Cristo, o alvo daquela prática – da ceia!

Estou cansado! Isso mesmo, sou crente, evangélico, protestante, seja lá como você queira me chamar, mas estou cansado de tantas doutrinas. É doutrina da Assembléia de Deus, da Batista, da Presbiteriana, da Metodista, etc. e muito pouco, quase nunca, uma “sã doutrina bíblica”. Parem de fazer da igreja invisível de Cristo uma instituição de homens! Parem! Chega!

Estou cansado de ver igrejas agirem dessa forma durante a ceia, sendo que não está na Bíblia essa conduta. Agora, em contraposição, preferem ficar falando, para não dizer gritando, em “línguas estranhas” nas orações “fervorosas” durante a ceia, coisa que a Bíblia proíbe que seja feito, a não ser que haja interpretação. Quem sabe creem que isso mostre mais espiritualidade! Ganha-se bônus com Deus. Querem impressionar a quem, a Deus com essa religiosidade toda?

Cansei de ouvir pastores e líderes ao orar dizer assim: “Querido Deus, porque em Mateus 5:5 diz...” Que bom que o livro, capítulo e versículo foram citados, caso contrário Deus poderia não se achar na Sua própria palavra ou não se lembrar dela! Que bobagem e tolice é essa! Ora-se assim para fazer satanás ouvir? Para impressionar a Deus ou aos irmãos, mostrando que se conhece a Bíblia, até os versículos? Primeiro, satanás conhece a Bíblia melhor do que você e eu. Segundo, Deus é o autor da Sua Palavra, portanto não diga para Ele o que disse, e não precisa lembrá-lo, porque Deus não é um velhinho lá em cima com Alzheimer. Terceiro, que se é só para impressionar irmão, isso é um hipócrita e legalismo dos mais sujos possíveis!

Não tenho nada contra o dom de línguas, em absoluto, até mesmo porque falo em línguas. Mas leia o que está escrito em I Coríntios 14, onde Paulo discute os dons espirituais. Ele faz o seguinte comentário: “E agora, irmãos, se eu for ter convosco falando em línguas, que vos aproveitaria, se não vos falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina?” (I Coríntios 14:6 ênfase minha).

De acordo com o Apóstolo Paulo e com as “línguas” descritas em Atos, falar em línguas é de grande valor para o que ouve a mensagem de Deus em seu próprio idioma, mas de nada serve para os demais, a não ser que haja uma interpretação, ou tradução. “Por isso, o que fala em língua desconhecida, ore para que a possa interpretar” (I Coríntios 14:13). Mas “Se alguém falar em línguas, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus. E falem dois ou três profetas, e outros julguem. Mas se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro”. (I Coríntios 14:27-31 ênfase minha)

Estas duas doutrinas sim são bíblicas e estão bem claras na Palavra de Deus, mas qual o motivo de não serem ensinadas e obedecidas? Por que exaltar doutrinas humanas outras? A benefício de quem?

Ore para que o Senhor faça a mudança que é necessária na sua igreja.

É isso aí. Fique na paz do Amado.

Escrito e publicado aqui por Éber Stevão

terça-feira, 26 de maio de 2009

ESTOU CANSADO! por Pr. Ricardo

Texto Escrito por Ricardo Gondim Rodrigues

Cansei! Entendo que o mundo evangélico não admite que um pastor confesse o seu cansaço. Conheço as várias passagens da Bíblia que prometem restaurar os trôpegos. Compreendo que o profeta Isaías ensina que Deus restaura as forças do que não tem nenhum vigor. Também estou informado de que Jesus dá alívio para os cansados. Por isso, já me preparo para as censuras dos que se escandalizarem com a minha confissão e me considerarem um derrotista. Contudo, não consigo dissimular: eu me acho exausto.

Não, não me afadiguei com Deus ou com minha vocação. Continuo entusiasmado pelo que faço; amo o meu Deus, bem como minha família e amigos. Permaneço esperançoso. Minha fadiga nasce de outras fontes.

Canso com o discurso repetitivo e absurdo dos que mercadejam a Palavra de Deus. Já não agüento mais que se usem versículos tirados do Antigo Testamento e que se aplicavam a Israel para vender ilusões aos que lotam as igrejas em busca de alívio. Essa possibilidade mágica de reverter uma realidade cruel me deixa arrasado porque sei que é uma propaganda enganosa. Cansei com os programas de rádio em que os pastores não anunciam mais os conteúdos do evangelho; gastam o tempo alardeando as virtudes de suas próprias instituições. Causa tédio tomar conhecimento das infinitas campanhas e correntes de oração; todas visando exclusivamente encher os seus templos. Considero os amuletos evangélicos horríveis. Cansei de ter de explicar que há uma diferença brutal entre a fé bíblica e as crendices supersticiosas.

Canso com a leitura simplista que algumas correntes evangélicas fazem da realidade. Sinto-me triste quando percebo que a injustiça social é vista como uma conspiração satânica, e não como fruto de uma construção social perversa. Não consideram os séculos de preconceitos nem que existe uma economia perversa privilegiando as elites há séculos. Não agüento mais cultos de amarrar demônios ou de desfazer as maldições que pairam sobre o Brasil e o mundo.

Canso com a repetição enfadonha das teologias sem criatividade nem riqueza poética. Sinto pena dos teólogos que se contentam em reproduzir o que outros escreveram há séculos. Presos às molduras de suas escolas teológicas, não conseguem admitir que haja outros ângulos de leitura das Escrituras. Convivem com uma teologia pronta. Não enxergam sua pobreza porque acreditam que basta aprofundarem um conhecimento “científico” da Bíblia e desvendarão os mistérios de Deus. A aridez fundamentalista exaure as minhas forças.

Canso com os estereótipos pentecostais. Como é doloroso observá-los: sem uma visitação nova do Espírito Santo, buscam criar ambientes espirituais com gritos e manifestações emocionais. Não há nada mais desolador que um culto pentecostal com uma coreografia preservada, mas sem vitalidade espiritual. Cansei, inclusive, de ouvir piadas contadas pelos próprios pentecostais sobre os dons espirituais.

Cansei de ouvir relatos sobre evangelistas estrangeiros que vêm ao Brasil para soprar sobre as multidões. Fico abatido com eles porque sei que provocam que as pessoas “caiam sob o poder de Deus” para tirar fotografias ou gravar os acontecimentos e depois levantar fortunas em seus países de origem.

Canso com as perguntas que me fazem sobre a conduta cristã e o legalismo. Recebo todos os dias várias mensagens eletrônicas de gente me perguntando se pode beber vinho, usar “piercing”, fazer tatuagem, se tratar com acupuntura etc., etc. A lista é enorme e parece inexaurível. Canso com essa mentalidade pequena, que não sai das questiúnculas, que não concebe um exercício religioso mais nobre; que não pensa em grandes temas. Canso com gente que precisa de cabrestos, que não sabe ser livre e não consegue caminhar com princípios. Acho intolerável conviver com aqueles que se acomodam com uma existência sob o domínio da lei e não do amor.

Canso com os livros evangélicos traduzidos para o português. Não tanto pelas traduções mal feitas, tampouco pelos exemplos tirados do golfe ou do basebol, que nada têm a ver com a nossa realidade. Canso com os pacotes prontos e com o pragmatismo. Já não agüento mais livros com dez leis ou vinte e um passos para qualquer coisa. Não consigo entender como uma igreja tão vibrante como a brasileira precisa copiar os exemplos lá do norte, onde a abundância é tanta que os profetas denunciam o pecado da complacência entre os crentes. Cansei de ter de opinar se concordo ou não com um novo modelo de crescimento de igreja copiado e que vem sendo adotado no Brasil.

Canso com a falta de beleza artística dos evangélicos. Há pouco compareci a um show de música evangélica só para sair arrasado. A musicalidade era medíocre, a poesia sofrível e, pior, percebia-se o interesse comercial por trás do evento. Quão diferente do dia em que me sentei na Sala São Paulo para ouvir a música que Johann Sebastian Bach (1685-1750) compôs sobre os últimos capítulos do Evangelho de São João. Sob a batuta do maestro, subimos o Gólgota. A sala se encheu de um encanto mágico já nos primeiros acordes; fechei os olhos e me senti em um templo. O maestro era um sacerdote e nós, a platéia, uma assembléia de adoradores. Não consegui conter minhas lágrimas nos movimentos dos violinos, dos oboés e das trompas. Aquela beleza não era deste mundo. Envoltos em mistério, transcendíamos a mecânica da vida e nos transportávamos para onde Deus habita. Minhas lágrimas naquele momento também vinham com pesar pelo distanciamento estético da atual cultura evangélica, contente com tão pouca beleza.

Canso de explicar que nem todos os pastores são gananciosos e que as igrejas não existem para enriquecer sua liderança. Cansei de ter de dar satisfações todas as vezes que faço qualquer negócio em nome da igreja. Tenho de provar que nossa igreja não tem título protestado em cartório, que não é rica, e que vivemos com um orçamento apertado. Não há nada mais desgastante do que ser obrigado a explanar para parentes ou amigos não evangélicos que aquele último escândalo do jornal não representa a grande maioria dos pastores que vivem dignamente.

Canso com as vaidades religiosas. É fatigante observar os líderes que adoram cargos, posições e títulos. Desdenho os conchavos políticos que possibilitam eleições para os altos escalões denominacionais. Cansei com as vaidades acadêmicas e com os mestrados e doutorados que apenas enriquecem os currículos e geram uma soberba tola. Não suporto ouvir que mais um se auto-intitulou apóstolo.

Sei que estou cansado, entretanto, não permitirei que o meu cansaço me torne um cínico. Decidi lutar para não atrofiar o meu coração.

Por isso, opto por não participar de uma máquina religiosa que fabrica ícones. Não brigarei pelos primeiros lugares nas festas solenes patrocinadas por gente importante. Jamais oferecerei meu nome para compor a lista dos preletores de qualquer conferência. Abro mão de querer adornar meu nome com títulos de qualquer espécie. Não desejo ganhar aplausos de auditórios famosos.

Buscarei o convívio dos pequenos grupos, priorizarei fazer minhas refeições com os amigos mais queridos. Meu refúgio será ao lado de pessoas simples, pois quero aprender a valorizar os momentos despretensiosos da vida. Lerei mais poesia para entender a alma humana, mais romances para continuar sonhando e muita boa música para tornar a vida mais bonita. Desejo meditar outras vezes diante do pôr-do-sol para, em silêncio, agradecer a Deus por sua fidelidade. Quero voltar a orar no secreto do meu quarto e a ler as Escrituras como uma carta de amor de meu Pai.

Pode ser que outros estejam tão cansados quanto eu. Se é o seu caso, convido-o então a mudar a sua agenda; romper com as estruturas religiosas que sugam suas energias; voltar ao primeiro amor. Jesus afirmou que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Ainda há tempo de salvar a nossa.

Soli Deo Gloria.

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Fonte:http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=61&sg=0&id=870

Ricardo Gondim é pastor da Assembléia de Deus Betesda no Brasil e mora em São Paulo. http://www.ricardogondim/
Publicado aqui por Éber Stevão

FALSOS PROFETAS ENGANANDO A MUITOS - Parte I

Texto: “existirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos” (Mateus 24:11).

Esta é a primeira de uma série de duas palavras proféticas para os dias finais em que estamos vivendo. Uma delas para os líderes das igrejas evangélicas e a outra, diretamente para os líderes das igrejas católicas. Se a primeira é uma dura advertência, não é diferente a segunda. Sei que Deus tem levantado minha vida para alertar a Igreja do Senhor Jesus Cristo a se unir aqui no Brasil para levar o povo de Deus a viver um tempo de Graça, ancorados nela tão somente.

O Senhor Jesus Cristo ama todos aqueles que o amam, suas ovelhas, sejam evangélicos(as) ou católicos(as); religiões que professam o cristianismo como regra de fé. Ao invés desses(as) serem congregados no aprisco, o povo tem sido iludido e conduzido para fora do redil. Portanto, de forma alguma essas palavras serão dirigidas àqueles(as) que têm ao Senhor Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor pessoal e que obedecem a sua Palavra, pois “Se alguém me ama, obedecerá à minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos morada nele. Aquele que não me ama não obedece às minhas palavras” (João 14:23). A Palavra do Senhor certamente não é vã e não volta fazia e alcancará quem for necessário.

As igrejas do Senhor Jesus Cristo, quer uns queiram e outros não, terão de se alinhar nesses últimas dias, pois o Espírito Santo virá sobre todos, como descrito em Joel 2:28-29 “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito”. Não será igreja alguma que trará esse mover, pois a igreja é “um só corpo em Cristo” (Romanos 12:5). Essa maravilhosa agitação é obra do próprio Espírito de Deus e não de homens. Portanto, se você ouvir dizer em algum lugar que a “igreja está trazendo o mover do Espírito e conseqüentemente um avivamento”, que seja anátema! Deus está cumprindo a sua própria Palavra escrita e não precisa do homem para que o ajude nessa tarefa.

Creio que esta primeira palavra profética, tem o intuito de alertar o povo (rebanho) de Deus sobre os falsos profetas e também advertir os líderes das igrejas, reunidas sob a designação de evangélicas e/ou protestantes, da qual eu mesmo faço parte; portanto ela cabe primeiro a mim. A Bíblia diz que “o testemunho de Jesus é o espírito de profecia” (Apocalipse 19:10). Então, que esta palavra escrita seja julgada por você, mas recomendo que o faça, unica e exclusivamente, através da própria Palavra de Deus, a Bíblia, e não pelos seus preceitos religiosos.

Quando Jesus nos avisou, em Mateus 24, sobre o fim dos tempos, ele nos deu os sinais específicos que antecederiam esse fim, e esses sinais nos indicam que, certamente, estamos na última geração. Também ele, Jesus, estabeleceu um fato: “existirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos” (Mateus 24:11). E haverá “falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mateus 24:24). Assim sendo, humanamente não podemos julgar se alguém é ou não de Deus, ou ainda que a sua palavra profética é de Deus, se nos basearmos tão somente nos sinais, prodígios e milagres que ele praticar. Nós sabemos que essas coisas deverão estar acontecendo nesses dias, mas algumas delas serão absolutamente falsas.

Portanto, não se engane, quando Deus vier com palavras proféticas através de alguém, elas virão diretamente concordante com a sua Palavra escrita, a Bíblia. Ela é o único padrão que temos para julgar se a palavra dita foi mesmo vinda de Deus.

Ao mesmo tempo a Bíblia diz “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal” (I Tessalonicenses 5:19-22). Isso quer dizer, não me interessa quantas palavras boas podem sair da boca de um profeta, e o quanto você está convencido de que uma determinada pessoa é de Deus, contudo cada palavra que ele(a) disser, afirmando vir de Deus, deve ser julgada, pois nesses dias finais virão muitos falsos profetas para tentar nos enganar. Desta forma, creio que acabamos de estabelecer o padrão pelo qual estaremos profeticamente escrevendo.

Hoje, irei escrever para você, que faz parte do corpo de Jesus Cristo de Nazaré, a Palavra profética desse mesmo Jesus Cristo, vinda diretamente de Ezequiel 34:1-10 que diz: “E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: assim diz o Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas? Comeis a gordura, e vos vestis de lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. As fracas não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim se espalharam, por não haver pastor, e tornaram-se pasto para todas as feras do campo, porquanto se espalharam. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes, e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem perguntasse por elas, nem quem as buscasse. Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: vivo eu, diz o Senhor Deus, que, porquanto as minhas ovelhas foram entregues à rapina, e as minhas ovelhas vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuraram as minhas ovelhas; e os pastores apascentaram a si mesmos, e não apascentaram as minhas ovelhas; portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: assim diz o Senhor Deus: eis que eu estou contra os pastores; das suas mãos demandarei as minhas ovelhas, e eles deixarão de apascentar as ovelhas; os pastores não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as minhas ovelhas da sua boca, e não lhes servirão mais de pastor.” (Ênfase minha).

E também em Ezequiel 34:20-24, que assim escreve: “Por isso o Senhor Deus assim lhes diz: eis que eu, eu mesmo, julgarei entre a ovelha gorda e a ovelha magra. Porquanto com o lado e com o ombro dais empurrões, e com os vossos chifres escorneais todas as fracas, até que as espalhais fora. Portanto livrarei as minhas ovelhas, para que não sirvam mais de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas. E suscitarei sobre elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor. E eu, o Senhor, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o Senhor, o disse.”

Primeiro, as ovelhas são do Senhor Jesus Cristo e não de uma determinada igreja ou de um pastor. Segundo, não me venha com essa coisa de “ovelha é quem gera ovelha”. Não se esqueça de que o pastor também é ovelha do mesmo rebanho, que tem um só Pastor. Ele não está acima de ninguém; esquiva-se muito fácil quem usa essa “rima”. Pelo contrário, será responsável por maior julgamento de Deus do que as outras ovelhas, devido ao seu chamado e encargo.

Alguém pode erroneamente dizer que Ezequiel estava falando do rei Davi, portanto, isso é para o tempo dele. ERRADO! Davi viveu algures à volta de 1050 a.C.e foi o segundo rei de Israel. Ezequiel, foi sacerdote em Jerusalém e nasceu aproximadamente em 620 a.C., em Jerusalém, na época do rei Josias. Como pode um profeta, 430 anos depois, falar de um rei do passado que voltaria a cuidar do rebanho? Iria Davi reviver? Não deixe ser enganado pelo inimigo.

Irmãos e irmãs, amigos e amigas, hoje, Deus está falando aos pastores das igrejas do Senhor Jesus Cristo. Ele os está expondo. Isso não é parte da minha imaginação. Essa revelação não vem através de um profundo “clique” espiritual, ou da minha inteligência nem de um anjo de Deus. Esta é a Palavra escrita de Deus, que julga todas as coisas.

Jesus diz, através da sua Palavra, que aqueles pastores que cuidam apenas de si mesmos, que têm engordado a si mesmos, que têm saqueado as ovelhas, estão fatalmente condenados. E não somente isso, Deus os está removendo do meio do seu rebanho. Se você é um pastor que está engordando a si mesmo através de uma fraca ovelha, saqueando essa ovelha e a empurrando para fora do redil, é você mesmo quem alerto. Vocês que têm se alimentado dos pobres, mesmo tendo comido das suas pobres mesas, saqueando-os e depois condenando-os porque não são ricos, ai de vocês, pastores do rebanho! Vocês estão tocando no santo rebanho do Deus Todo Poderoso!

Como sabemos, a Palavra de Deus não contém erros e ela sempre concorda consigo mesma. Veja o que Jesus, olhando para os seus discípulos, diz em Lucas 6:20-26 “E, levantado ele os olhos para os seus discípulos, dizia: bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem e quando vos separarem, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem. Folgai nesse dia, exultai; porque eis que é grande o vosso galardão no céu, pois assim faziam os seus pais aos profetas. Mas ai de vós, ricos! porque já tendes a vossa consolação. Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides, porque vos lamentareis e chorareis. Ai de vós quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas.”

Nós temos um grupo de pastores no meio evangélico, que, agora mesmo, estão saqueando as ovelhas. Pastores ricos e gordos, que clamam que é da vontade de Deus que os servos de Deus sejam ricos. Qualquer pessoa que disser a você que é da vontade do Senhor que os ministros de Deus sejam ricos e afortunados aos olhos do mundo; serem bem falados, bem alimentados e prósperos nessa vida, estão contradizendo as Escrituras! Jesus não disse que essa era a sua vontade para eles, mas ele disse “ai de vocês que são ricos”.

Assim, se você é um ministro de Deus rico ou se conhece um deles que enriqueceu por causa do rebanho, essa é a Palavra de Deus para você ou para ele(a) hoje: “Ai de vocês que são ricos, porque já receberam a sua consolação”. Agora, eu não sei os motivos pelos quais você ou algum desses ministros, que se diz do Senhor, deve ser uma exceção à própria Palavra de Deus! Bom, pode ser por duas possibilidades: 1) Você foi enganado por falso auto-ensinamento e, nesse caso, eu o encorajo: arrependa-se agora! Foi por isso que Jesus deu esse aviso; ainda há tempo!; ou 2) Você tem o espírito do anti-Cristo dentro de você! Logo, para você que tem o espírito do anti-Cristo, já leu acima o que Deus está pronto a fazer? Chegará o dia que nem mesmo poderá comer; você não mais saqueará as suas ovelhas!

A palavra de Deus está lançada. Agora, ovelhas do Senhor Jesus Cristo, quero que escutem isso: “Não mais dêem comida aos pastores ricos e gordos. Não fale bem desses que o Senhor disse ‘ai de vocês, que riem agora’ ”. Por acaso os seus pastores viajam fazendo cruzeiros pelo mundo? Eles se orgulham em dizer que têm aviões particulares, caros luxuosos, inúmeras casas?

Gostaria de soletrar uma palavra junto com você caro(a) leitor(a): GANÂNCIA. Algumas igrejas têm chegado a uma situação tão exagerada de riqueza que literalmente se esqueceram do Reino de Deus. Estão pregando qualquer coisa, menos o Evangelho de Cristo Jesus, e digo isso pelo Espírito de Deus que está em mim. Alguém pode retrucar dizendo: “O que dizer, então, da opulência do Vaticano e da igreja católica? Calma, isso é assunto para a segunda palavra profética, que será de arder nos olhos daqueles que lerem e zumbir no ouvido daqueles que escutarem. Quanto dinheiro a igreja precisa, um milhão de dólares, dois, antes que admita que é rica? GANANCIOSOS!

A Bíblia diz que GANÂNCIA é glutonaria, ou seja, é comer mais do que você precisa. Esses homens gananciosos dizem que até o apóstolo Paulo era rico. MENTIRA! Veja o que o apóstolo Paulo diz, em II Coríntios 11:21b e 23-27, acerca do seu ministério: “Mas no que qualquer tem ousadia, com insensatez falo, também eu tenho ousadia. São ministros de Cristo? Falo como fora de mim, eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigília muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez.”

Agora me diga uma coisa, vocês maus, mentirosos e falsos pastores, que se ajuntam e dizem que Paulo era rico, sendo que ele muitas vezes passou fome. Você já ficou sem comida no seu estado de riqueza? Quem sabe você tenha uma definição sobre riqueza, mas essa não é a mesma da do Senhor Jesus Cristo.

Deixe-me mostrar mais uma coisa para esses que se dizem ricos, ministros (pastores) do rebanho de Deus, e saem por aí enganando o povo, dizendo que são altamente abençoados e por isso são ricos e que se você é pobre, é porque não é abençoado. Jesus tem uma mensagem dura para vocês: “Muitos me dirão naquele dia; Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mateus 7:22-23).

Estamos vivendo tempos finais, não dá mais para ficar brincando. A Palavra de Deus precisa ser levada a sério. Ele é o Comandante e Chefe, irá retornar, e se você não está preparado(a), você está literalmente frito(a). Quando acabar, estará tudo terminado! Quando chegar o dia do julgamento não haverá mais pedido de misericórdia; não haverá mais período da Graça. Você está frito(a)! E se não obedecer ao seu Comandante, um dia Ele vai olhar diretamente para você, através de todas as suas falsas palavras, porque não são dEle, e dizer: Ei “Por que você me chama de Senhor, Senhor e não fez o que eu lhe disse para fazer?” (Lucas 6:46, ênfase minha).

Para concluir, no livro de Apocalipse tem uma mensagem escrita para você, ministro de Deus, que sai por aí pregando riquezas, que o fim do Evangelho é ser rico financeiramente, e não rico para com Deus, que prega que é rico por causa do ministério frutífero que tem, para mostrar que serve a um Deus rico e que Ele quer que todos sejam materialmente prósperos. Leia aí: “Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca. Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas." (Apocalipse 3:14a-22).

Portanto, a vocês pastores que são ricos e se orgulham disso, essa é a Palavra de Deus para vocês; na verdade, vocês são coitados, miseráveis, pobres, cegos e nus. ARREPENDAM-SE!

Agora, se você tem algo contra o que eu estou dizendo, não é o Espírito de Deus que está dentro de você, fazendo com que fique com raiva daquilo que o próprio Deus disse na sua Palavra, é o espírito do anti-Cristo. Não adianta querer argumentar comigo, pois não são minhas palavras, estou apenas escrevendo a Bíblia para você. Por isso sou um atalaia enviado por Deus, porque estou pregando o que Ele escreveu.

Mas, veja o que Jesus diz aqueles que verdadeiramente são ricos. Para essa igreja, o Senhor não tem nenhum protesto. “Isto diz o primeiro e o último, que foi morto e reviveu: Conheço a tua tribulação e a tua pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga de Satanás. Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer, de modo algum sofrerá o dado da segunda morte.” (Apocalipse 2:8a-11)

Eu sei que os ensinadores da prosperidade irão lhe dizer que as pessoas podem iniciar pobres, mas que não é a vontade de Deus que elas continuem pobres. Ué, que engraçado, pois a igreja pobre do Apocalipse não tem nenhuma desaprovação! Na Bíblia, Jesus não diz: “Olha, fiquem calmos que vocês ainda serão muito ricos nesta vida”. Não. Ele fala de tudo o que irão sofrer por amor do nome dEle. João escreveu assim “Eu, João, que também sou vosso irmão, e companheiro na aflição, e no reino, e na paciência de Jesus Cristo.” (Apocalipse 1:9) E me entenda bem, não estou apregoando voto de pobreza, de forma alguma. Porém, essa é a cruz de Jesus Cristo, meu amigo, minha amiga; a saber: aflição, reino e paciência (perseverança) até o fim. Vai doer, mas vai dar certo. Jesus Cristo dará salvação eterna para a sua alma. Saiba que essa palavra profética vem com amor; ainda há tempo para se arrependerem e virem a ser parte da família de Deus.

Vocês pobres, não sejam condenados por esse tipo de ministro (pastor), que somente quer o seu dinheiro. Tampouco, fiquem correndo de um lado para o outro, se estrepando para ficar rico e perder sua salvação. É isso que o inimigo quer, que você fique atarefado e atrapalhado com as coisas desse mundo e não tenha nenhum tempo para ler a Bíblia e orar. Todas as coisas passarão, pois “o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.” (1 João 2:17)

Falsos pastores, o seu tempo está se acabando! Ao espírito do anti-Cristo, nós dizemos: a Igreja do Senhor Jesus Cristo vai contra você, em nome dEle; vamos secar os seus recursos; você não vai mais afligir o rebanho do Senhor, pois ele pertence ao Senhor Jesus Cristo; as suas portas infernais não vão prevalecer contra nós, disso nos asseverou Jesus Cristo, em Mateus 16:18; você não pode argumentar contra a verdadeira Palavra de Deus e as ovelhas de Deus aprenderam hoje a conhecer a sua malévola voz e não irão lhe seguir; mamom, não iremos atrás de você.

Povo de Deus, escolhidos do Senhor, leiam a sua Bíblia e façam o que ela diz.

Escrito e publicado por Éber Stevão

segunda-feira, 25 de maio de 2009

QUEBRA DE MALDIÇÕES: QUE SÃ DOUTRINA É ESSA?

A verdade que existe por trás de toda uma "teologia" da Quebra de Maldição deve ser dita. Ela é confusa, gera insegurança acerca do real poder de Deus, além de ser uma prática “evangélica” sem qualquer apoio bíblico. A Palavra de Deus não ensina nenhum pastor ou líder a quebrar qualquer tipo de maldição – hoje existem várias categorias, entre elas a hereditária ou familiar, a do nome, aquele que foi lançada, a financeira, a do local e a dos objetos - que vêm como que “acoladas” a nós quando nascemos ou que vão nos “pegando” durante a nossa vida, mesmo depois de termos aceitado a Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador e renunciado às obras do diabo.

O que realmente acontece é o simples fato de eles não aceitarem a verdade bíblica; não asilarem o fato que todos nós nascemos, sem exceção, marcados pelo pecado, pois fomos concebidos em pecado, assim como afirma o salmista: “Certamente em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu a minha mãe.” (Salmo 51:5)

Para exemplificar, quero citar aquilo que Deus diz acerca de si mesmo em Êxodo 20:5 “Eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem.” Porém outros texto bíblicos, como Deuteronômio 24:16 e Ezequiel 18:19-32), afirmam que os filhos não são castigados pelos pecados de seus pais. Então o que Deus quer dizer com isso? Ele está se contradizendo?

Deus está alertando que as conseqüências naturais daqueles pecados, apesar de serem perdoados, passam de geração em geração. Quer ver um simples exemplo? Um pai alcoólatra, que sempre abusou da esposa e dos seus filhos e que abandona a casa para nunca mais voltar, traz um impacto profundo na vida do seu filho de 5 anos de idade que cresce sem tem qualquer noção correta do que é um pai. Essa desgraça irá acompanhá-lo como um fantasma e, provavelmente, se esse menino não for alcançado algum dia pela misericórdia de Deus na sua fase adulta, ele se tornará um pai tão abusivo ou pior -dependendo dos outras vivências suas - quanto o foi seu pai.

Há um castigo de Deus sobre esse menino? Obviamente que não. Há alguma maldição sobre essa criança que precisa ser quebrada? Certamente que há a pata suja de satanás por trás de tudo o que ele experimentou na sua infância, pois o diabo veio para matar, roubar e destruir, mas isso tudo não representa nada diferente da forma diabólica que o nosso inimigo atua. Não existe nenhuma maldição a ser quebrada. O que existe é a falta da graça de Deus alcançar essa pobre vida.

As comunidades evangélicas brasileiras são as igrejas que mais propalam essa teologia da quebra de maldição familiar, retirada sabe-se lá de onde. Têm um padrão de líderes que distorcem a verdade, fazendo com que a pessoa que passou por aquele trauma na sua infância, não se liberte do sentimento de culpa - pois a criança crê que foi por causa dela que o pai agia daquela maneira e lhe abandou - deixando-a ainda mais confusa com relação ao que lhe aconteceu no passado. É abandonada a imaginar que o inimigo está sempre sobre seus ombros e que precisa de uma sessão de “descarrego evangélico”. A pessoa sente-se acolhida, porque no fundo deseja ser amada. Sente-se segura ali devido a atenção que está recebendo e acaba se tornando uma presa fácil. Isso gera uma dependência completa do “crente” ao seu líder e libertador espiritual, mas nenhuma confiança no poder sarador do Senhor Jesus Cristo.

Esses(as) pastores(as) não conseguem mostrar com amor, o que realmente aconteceu infância daquele(a) irmão, irmã. Não explicam que o seu pai não podia ser melhor do que foi, devido ao fato dele nunca ter conhecido a Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor e a sua verdade Bíblica, tendo, ele mesmo, que viver debaixo da lei do pecado que o escravizou. Quem sabe aquele pai também tenha sido vítima das mesmas agressões dos seus pais ou avós.

Eles não conseguem dizer a verdade sobre esse assunto, pois é um engodo ainda maior. Não querem olhar para os fatos e dizer que todos somos pecadores e necessitamos da graça de Deus nas nossas vidas e que “Se confessarmos os nossos pecados ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.” (I João 1:9) São incapazes de afirmar com convicção de que “Se pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (João 8:36) e por isso precisam fazer uma “mandinga evangélica” especial para quebra das obras de satanás, pois a verdade “Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (I João 3:8) não parece muito convincente e suficiente para libertar os oprimidos de satanás. São incapazes de aceitar ou enxergar um fato natural, não dizendo que os filhos aprendem um padrão dos seus pais e imitam o que vêem, e esses ensinos estabelecem um legado espiritual herdado para a geração seguinte; apenas isso. São condutores cegos guiando a cegos espirituais.

Mas não, eles querem se mostrar iluminados espiritualmente, possuidores de uma “verdade” e conhecedores de um domínio maior do mundo espiritual do que os evangélicos normalmente têm. O único detalhe, que faz toda a diferença, é que essa “verdade” não está na Bíblia.

O mais estranho de tudo, que não sei se me faz rir ou chorar, é o fato de no louvor dessas igrejas/comunidades a música com a letra “Sobre tua vida, ó meu irmão, não vale encantamento...” faz parte do repertório de louvor. Encantamento quer dizer feitiço, sortilégio, mandraca que em nada é diferente de maldição. Esses líderes aceitam como verdade todas as mentiras da bruxaria e wicca, apregoadas em sites como esse http://www.brazilsite.com.br/mistiscismo/wicca/wicca07.htm para explicar o motivo porque fazem essas práticas em seus cultos. Leia o site supracitado e você ficará impressionado em ver como que para cada mentira ali escrita, existe um paralelo da teologia da Quebra de Maldição. Só falta daqui há pouco eles afirmarem do púlpito: “É, maldição pega irmão, fique esperto, por isso façam seus descarregos aqui, pelo menos 1 vez por semana. Olho gordo, inveja, etc. tudo isso tem que ser quebrado...”. Meu Deus... tenha misericórdia!

Percebo satanás dando sua risada asquerosa por trás desses ensinamentos diabólicos que têm “convivido” amigavelmente no meio da igreja e sido aceitos pelos evangélicos com a maior naturalidade como se fizessem parte da sã doutrina da fé.

Quando aceitamos a Jesus Cristo o Espírito Santo de Deus vem morar no nosso coração e somos automaticamente libertos de todo o poder maligno que incidia sobre nós. Jesus quebra imediatamente toda maldição com o seu sangue remidor. Agora, as lembranças foram automaticamente apagadas? Certamente que não. Isso até pode acontecer e seria um milagre divino, mas Deus usa o nosso passado para nos ensinar em amor, quem éramos e quem passamos a ser depois que o conhecemos. Usa o exemplo do nosso passado falido, podre e miserável como testemunho aos outros do seu poder, da sua graça e misericórdia que nos alcançou um dia. Ele transforma todo mal que satanás intentou contra nós em bem. Glória a Deus por isso! Aleluia.

É muito verdadeiro o que John Macarthur cita: “Se os ´pais´ de hoje abandonarem a verdade, a restauração demandará várias gerações.”(*)

O que essas pobres almas, que procuram a quebra de maldições passadas, realmente precisam é serem libertas desses tipos de movimentos das igrejas/comunidades evangélicas que distorcem a verdade sobre satanás, sobre o poder de Deus e que não ficam satisfeitas em dizer que “Ele nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do Seu amor.” (Colossenses 1:13), mas sempre têm um plus a mais para acrescentar ao plano salvífico perfeito de Deus.

Ore para que você, um amigo ou parente não caia nas teias de satanás nesses dias, pois ele lançará muitas.

É isso aí. Fique na paz do Amado.

Escrito e publicado por Éber Stevão

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(*) Macarthur J. A Guerra pela Verdade. São José dos Campos: Editora Fiel, 2008.

domingo, 24 de maio de 2009

UMA ANÁLISE DO LIVRO "UMA VIDA COM PROPÓSITOS" Rick Warren - Parte VI

Uma Análise do Livro "Uma Vida Com Propósitos" de Rick Warren

Dia cinco - Enxergando A Vida Do Ponto De Vista De Deus
Por Scott Mooney

À luz do seu contraste entre a vida temporal e a vida eterna, Warren agora prossegue numa maior elaboração da vida temporal. “O modo de você definir a vida determina o seu destino.”, ele diz (p. 41). Com isto, ele reforça seu ponto de vista de que a criatura pode, de alguma forma, determinar a realidade para o Criador. Este já é, a esta altura, um tema bem estabelecido no pensamento de Warren. Em sua forma de pensar, portanto, ele tenta responder a questão de como a criatura deveria definir a realidade da vida humana. Ele sugere que isto pode ser melhor compreendido em termos de uma metáfora. Depois de pesquisar várias metáforas “falhas”, ele então passa a considerar metáforas “bíblicas”, as quais, ele argumenta, são uma escolha melhor. Estas são apresentadas em termos de “a visão que Deus tem da vida”, que “a Bíblia oferece” (p. 42).

É bastante significativo que Warreen apele para Romanos 12:23 como a base de sua abordagem. Ele declara confiantemente “A Bíblia diz,” e então nos apresenta o seguinte: “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhe­cerão a vontade de Deus” (p. 42). Isto não é a Bíblia. Esta é uma paráfrase chamada “Bíblia na Linguagem de Hoje”. Embora afirme ser uma tradução da Bíblia, é de fato uma obra produzida com base na teoria da “equivalência dinâmica”, proposta por Eugene Nida. A preocupação principal da “equivalência dinâmica” é exprimir o pensamento do original, porém sem usar necessariamente as palavras originais. Esta interpretação moderna “dinâmica” de Romanos 12:2 é contrária a todas as traduções autênticas das Escrituras que buscam o mais alto grau de exatidão vis-à-vis o que está realmente sendo dito nos manuscritos originais. Por exemplo, na versão Almeida Revista e Corrigida este texto está assim: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” O leitor notará imediatamente a dramática diferença entre “transformai-vos” e “deixem que Deus os transforme”. A segunda frase parece mais nobre, porque credita a Deus o poder transformador, mas na realidade a paráfrase tomou a ordem direta “transformai-vos” e a transformou em um conselho de que deveríamos nos prover dos conhecimentos de Deus.

É extremamente irônico que este texto em particular fosse alterado desta forma. Em seu conteúdo original, este texto ordenava aos crentes em Roma que evitassem fazer exatamente o que os autores das paráfrases, e Warren depois deles, têm feito. “Não vos conformeis com este mundo”. Não vos conformeis com o ideal romano de Homem, que determina seu próprio destino, nem com o Panteão da idolatria romana. O Criador define e determina todas as coisas; a criatura não pode sequer respirar, fora da soberania sustentadora dAquele “com quem temos de tratar” (Hebreus 4:13), por quem “todas as coisas subsistem” (Colossenses 1:17). A ordem do Criador para a criatura é clara: “transformai-vos pela renovação do vosso entendimento”. Arrependei-vos do ideal romano e do Panteão romano de “deuses”. “Deixem que Deus os transforme” não transforma coisa alguma. Esta é exatamente a mensagem que os humanistas romanos teriam se regozijado em ouvir. “Deveras”, eles teriam dito, “vamos subir ao Panteão e dar permissão aos ‘deuses’ para que nos dêem algo de sua sabedoria superior.” Se ao homem é concedida alguma medida de autonomia, e “deus” é visto como dependente em alguma medida da vontade e permissão do homem, então não importa em nada o que o que outros jargões aparentemente nobres possam acrescentar. “Deixem que Deus os transforme” afirma uma idéia pagã tanto do homem quanto de “deus”. A abordagem de Warren se encaixa como uma luva. No Apêndice 3 Warren oferece uma exaltada defesa acerca das razões pela quais ele incorpora textos de quinze diferentes versões da Bíblia. Mas é muito difícil para um estudante sério da Bíblia evitar a sensação de que o que realmente está acontecendo aqui é um esforço para explorar o jargão moderno de cada paráfrase livre – quanto mais livre melhor – de forma a encontrar exatamente a fraseologia que se adapte ao ponto que Warren quer defender, de forma que a expressão cheia de autoridade “A Bíblia diz” possa ser, de alguma forma, anexado a ele. Romanos 12:2 da Bíblia na Linguagem de Hoje é um dramático exemplo disto.

Tendo citado a paráfrase mencionada acima, ele então afirma, “A Bíblia oferece três metáforas que nos ensinam a visão que Deus tem da vida” (p. 42). Será que Paulo tomou a Bíblia e a levou ao Panteão dos “deuses” e a “ofereceu” como um ponto de vista alternativo? Certamente que não! Se o cristianismo é considerado como um ponto de vista alternativo, então não é mais o cristianismo que está sendo considerado. Deus não tem uma “visão da vida”; Deus criou e define a vida. Um ponto de vista é gerado a partir de uma superioridade espacial / temporal. O homem, a criatura é limitada pela superioridade espacial / temporal; Deus, o Criador, não é. Os homens tem vários pontos de vista; contudo, é uma desonra a Deus reduzir a Sua Palavra a um ponto de vista. A Palavra de Deus não é um conselho de um especialista que podemos desejar considerar; ela é a revelação eterna e cheia de autoridade que define o nosso ser e a nossa tarefa. A visão que um indivíduo tem da vida ou se alinha com a verdade do cristianismo ou não.

Contudo, Warren prossegue com sua abordagem de que Deus nos “oferece” “visão que Deus tem da vida”, consistindo de três metáforas. De acordo com esta visão, a vida é um teste, uma incumbência e uma atribuição temporária. As primeiras duas metáforas são consideradas no presente capítulo e a terceira é reservada para o próximo capítulo. Teste e incumbência são princípios bíblicos válidos. Mas o verdadeiro significado destas duas expressões é distorcido ao interpretá-las fora do contexto bíblico da Criação, do Pecado e da Redenção e ao proclamá-las como metáforas que caracterizam cada momento de nossa existência. De acordo com a idéia de Warren sobre a metáfora do teste, Deus está brincando de gato e rato conosco, deliberadamente colocando todos os tipos de obstáculos em nosso caminho e então observando como lidamos com eles. “Você está sempre sendo tes­tado. Deus constantemente observa sua reação às pessoas, problemas, sucesso, conflitos, enfermidades, decepções e até mesmo em relação ao clima!” (p. 43) Warren encerra este debate sobre o teste citando Tiago 1:12, “Felizes são aqueles que perseveram quando são testados. Depois de serem aprova­dos, eles receberão a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam.” Contudo, Warren deixa de levar em consideração também o verso imediatamente seguinte, Tiago 1:13, “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.” Certamente, existem várias ocasiões em que a Escritura relata que Deus colocou Seu povo à prova. Contudo, isto não nos dá garantias para caracterizar a totalidade da vida como um teste contínuo. Muitas das coisas que Warren considera como teste de Deus são, na realidade, conseqüências e tentações do mal. Warren nunca chegou a um consenso com relação ao pecado e ao mal em seu tratado. Aqui, mais uma vez, estava a oportunidade para fazer isto, mas sua visão de que “toda a vida é um teste” leva diretamente a uma distorção da Queda do homem no pecado. Adão e Eva no Jardim do Éden caíram de seu estado original de bondade e perfeição da Criação para o estado de Pecado, um estado de maldade e corrupção. E ainda assim Warren trata o relato de Adão e Eva como apenas mais um exemplo de um teste, ao lado de todos os outros testes. Em sua visão, Adão e Eva simplesmente falharam em um teste. Ele não nos fornece qualquer pista de que com a sua queda veio a corrupção da natureza humana e, de fato, de toda a realidade criada. Em termos de sua tese, as nossas falhas não tem suas raízes na falha de nossos Primeiros Pais, mas simplesmente são paralelas à falha deles.

Sua discussão sobre a metáfora da incumbência é baseada no senso comum evangélico de que Deus possui tudo e, portanto, eu não possuo coisa alguma. Ron Sider, em seu livro Rich Christians in an Age of Hunger (Cristãos Abastados em uma Era de Fome) debateu este ergumento até chegar ao pleno socialismo, que é, na verdade, o resultado mais consistente com este ponto de vista. Porém, este senso comum deixa de lado completamente a “distinção Criador / criatura” e, portanto, lança a propriedade de Deus como Criador e a nossa propriedade como criaturas em uma correlação uma com a outra. Sem uma “distinção Criador / criatura” apropriada, é necessário decidir, no caso de qualquer coisa em particular, se o homem a possui ou se Deus a possui. Tal perspectiva paralisa completamente todo pensamento e atividade econômica. Esta é um senso comum simplista que evita – e até mesmo impede – toda contemplação piedosa da dispensação da pobreza entre os homens. Um exemplo disto aparece no discurso de Warren. Ele pergunta ao seu leitor, “A forma de você administrar o seu dinheiro está impedindo Deus de fazer mais em sua vida?” (p. 46). Primeiro, nos perguntamos como Warren pode se referir ao dinheiro como “o seu dinheiro” quando já havia declarado que Deus possui tudo e nós não possuímos coisa alguma. É impressionante como os evangélicos afirmam de forma convincente que não possuímos coisa alguma e então, em seguida falarem sobre o que devemos fazer com a nossa propriedade! Em seguida notamos que a preocupação está concentrada em se as nossos atos podem evitar que Deus faça mais em nossas vidas. Uma pergunta muito mais produtiva para um cristão considerar seria “A maneira como você administra o seu dinheiro está em conformidade com a Lei de Deus ou é contrária a ela?” Porém, Warren não elaborou uma Doutrina do Pecado que o capacitaria a colocar o assunto nesses termos.

Tampouco ele defendeu de maneira consistente a Deus como sendo o Criador Todo-Poderoso e o Homem como a criatura finita. Desta forma, ele não tem uma linha de pensamento para considerar o assunto em outros termos que não aqueles que colocam o suposto autônomo Homem como potencialmente impedindo um Deus finito de fazer tudo o que Ele poderia. Neste ponto de vista o Homem tem o poder e a iniciativa para apropriar-se dos conhecimentos e recursos de Deus, e portanto, o Homem também deve ter o poder de impedir Deus de agir. A preocupação é se estamos recebendo todo o benefício que potencialmente poderíamos receber do grande poder e conhecimento de Deus, em vez de ser uma preocupação se o padrão da justiça de Deus está sendo mantido. Em contraste com isto, o conselho financeiro bíblico apresenta a Lei de Deus e exige de todos os homens obediência a ela. A preocupação principal do conselho bíblico não é se o indivíduo está experimentando todo o potencial de um recurso que gostamos de chamar de “Deus”. A preocupação principal é se os homens, criados à imagem do Criador, estão sendo fiel à Sua Lei na busca de Sua glória. Certamente, tal busca envolve seu amor uns para com os outros. Mas mesmo o “amor” não pode ser conhecido independentemente de Deus e da Sua lei (Romanos 13:10). Estas questões entre o Cristianismo e o Humanismo podem tornar-se muito complexas, mas o ponto central de cada questão é uma distinção muito simples entre uma perspectiva da realidade e da vida centralizada em Deus ou centralizada no homem.

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Fonte: http://purposejourney.blogspot.com

Traduzido por Levi de Paula Tavares Tavares em agosto/2008, mediante autorização expressa do autor.

Escrito aqui e publicado por Éber Stevão

UMA ANÁLISE DO LIVRO "UMA VIDA COM PROPÓSITOS" Rick Warren - Parte V

Uma Análise do Livro "Uma Vida Com Propósitos" de Rick Warren

Dia quatro - Criado Para Ser Eterno
Por Scott Mooney

Warren continua no tema da eternidade. Este capítulo se inicia com o ponto "Esta vida é uma preparação para a próxima."(p.36). Ele argumenta que uma vez que fomos feitos à imagem de Deus, então, como Deus, fomos designados para viver por toda a eternidade. Mas então ele questiona, "Embora saibamos que com o tempo todos morreremos, a morte sempre parece anormal e injusta." (p.37). Aqui está uma clara indicação, como se neste ponto qualquer outra indicação fosse necessária, que Warren ainda não chegou a uma decisão definida a respeito do pecado. Ele está completamente atado à dialética Humanista: a realidade universal e inevitável da morte, que todavia nos "parece anormal e injusta."

Vida eterna é o ideal original da Criação para o ser humano. Morte é o juízo devido ao pecado. O Humanista não aceitará isto, e então deve explicar a morte em outros termos. O Humanista Naturalista diz que a realidade observada constitui a ordem natural das coisas. Assim, para ele, a morte é natural e, portanto, é uma perplexidade como seu indomável instinto luta contra ela. O Humanista Espiritualista diz que a realidade observada é uma ilusão. Para ele, também, a morte é natural e, portanto, é uma perplexidade como a vida pode significar qualquer outra coisa além de um período de incubação para o que está do outro lado. Somente o Cristianismo declara que a morte é inimiga (I Coríntios 15:26).

Para Warren, a morte "parece inatural e injusta", contudo, ele fracassa ao explicar porque isso seria assim. Toda a idéia de morte como um juízo devido ao pecado, e portanto inteiramente justa, parece lhe escapar. Ele também elabora "Assim como os nove meses que você passou no útero de sua mãe não tinham um fim em si, mas eram uma preparação para a vida, também a vida é uma preparação para o que vem a seguir." (p.39). Este comentário diz praticamente o mesmo que o Humanista Espiritualista diz: que a morte é na realidade um "nascimento" para a próxima vida. Warren flerta diretamente com a idéia Humanista. Sua Doutrina da Criação é dolorosamente deficiente, como "deus" não pode ser o Deus do Cristianismo se o fato central da vida humana é a alicerce do significado de toda a existência, se o Homem determina por si mesmo tolerar ou não uma relação com esse "deus", se o Homem está equipado para "descobrir" qualquer coisa que escolhamos para caracterizar como "deus" revelado, e se o que o Homem "descobre" se torna então o padrão e alicerce de sua vida. Também, sua Doutrina do Pecado é quase interamente ausente, como já vimos. No máximo a sua concepção de pecado dá a Deus algum crédito por ser maior, mais forte e mais esperto que o homem. Pecado, nesta visão, nos retira da presença de Deus, de modo que não temos mais acesso a Seus recursos superiores. Não possuindo uma idéia verdadeiramente bíblica de Criação e Pecado, é então impossível ter uma idéia verdadeiramente bíblica sobre Redenção. Vimos a definição de Warren para Redenção como um "novo início" em sua vida. Contudo, aqui sua ênfase é na Eternidade.

Warren declara que "Seu relacionamento com Deus na terra, determinará seu relacionamento com Deus na eternidade. Se aprender a amar Jesus, o Filho de Deus, e confiar nele, você será convidado a passar o resto da eternidade com ele."(p.37). Contudo, Warren ainda tem que explicar como é que a critura pode determinar algo para o Criador. Ele declarou no Dia Um que por sua própria iniciativa alguém pode iniciar um relacionamento com Jesus, mas não acolheu a questão do por que alguém poderia estar sem tal relacionamento em primeiro lugar. No Dia Três ele indicou que podemos estar sem um relacionamento com Deus devido ao pecado, mas caracterizou o remédio para este problema como um "novo início". Agora ele vai além disso - sem se importar com as pontas soltas - declarando que pelo estabelecimento de tal relacionamento também determinamos nosso destino eterno. Nestas linhas ele também diz "Os atos desta vida definem o destino na próxima." (p.40). De acordo com Warren, uma pessoa pode executar certas funções, ou completar certas tarefas, e como resultado - e como recompensa - um convite será estendido a ele para se juntar a Cristo na eternidade. Aqui vemos mais dramaticamente uma idéia distorcida de Redenção conforme requerida por idéias distorcidas de Criação e Pecado.

A idéia verdadeira e bíblica destas coisas é que Deus, o Criador, criou uma realidade separada e distinta de Si mesmo, e soberanamente determina todas as facetas e aspectos desta realidade criada; Pecado é a negação deste fato e rebelião deliberada contra Deus e Sua Lei, trazendo a ira de Deus e a pena de morte sobre o pecador; e Redenção é a iniciativa de Deus, que "...prova Seu amor conosco, em que Cristo morreu por nós sendo nós ainda pecadores." (Romanos 5:8), significando que em Sua morte Cristo tomou a culpa por nossos pecados e o juízo de morte sobre si mesmo em nosso favor. O Evangelicalismo sempre reverte a verdade bíblica destas coisas. Sempre somos ensinados que se fizermos algo - orarmos, aceitarmos um dom, abrirmos uma porta - então em recíproca a isto Deus nos fará alguma coisa - nos perdoará os pecados, resolverá nossos problemas e nos convidará para o céu. Warren se adapta a esse molde quando diz que nosso convite para o céu depende primeiramente de aprendermos a amarmos e confiarmos em Jesus. Biblicamente, estamos mortos no pecado e inaptos para amar e confiar em Jesus a menos que, e até que o Espírito Santo desperte nossos corações e nos ministre a Redenção de Deus. Nosso convite para o céu - se, de fato podemos chamar adequadamente assim a Redenção - não é o resultado ou recompensa por nossa decisão de iniciarmos um relacionamento com Jesus; é o único motivo e base de nosso relacionamento com Jesus.

Dados os termos nos quais Warren vê estas coisas, pouco nos surpreende o modo como ele vê a justaposição de realidade temporal e eternal. "A vida é apenas um ensaio geral, antes da verdadeira produção... A terra é um lugar de preparação, a pré-escola, o vestibular para sua vida na eternidade."(p.36). Conforme Warren caracteriza isso, não apenas é nossa a iniciativa para começarmos um relacionamento com Jesus, mas também é nosso o fardo de passarmos por este ensaio oficial com sucesso, de modo que possamos receber um convite para a festa dos atores. Biblicamente, eternidade é a culminação do que Deus está fazendo na realidade temporal, não do que nós estamos fazendo. Deus deseja "...congregar em Cristo todas as coisas... tanto as que estão nos céus como as que estão na Terra" (Efésios 1:10). Nossa tarefa é confessar a Ele, adorá-Lo, e dar graças a Ele por todas as coisas, crer em Sua Palavra procurar Sua Graça para obedecê-la e viver por ela. Nossas vidas neste mundo não nos qualificam para usufruirmos a eternidade com Deus; a Graça eternal de Deus nos qualifica a viver de acordo com Deus neste mundo. A cada dia Warren diverge mais da sabedoria bíblica.

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Fonte: http://purposejourney.blogspot.com

Traduzido por Renato Tavares em julho/2008, mediante autorização expressa do autor.

Escrito aqui e publicado por Éber Stevão

UMA ANÁLISE DO LIVRO "UMA VIDA COM PROPÓSITOS" Rick Warren - Parte IV

Uma Análise do Livro "Uma Vida Com Propósitos" de Rick Warren

Dia três - O Que Dirige Sua Vida?
Por Scott Mooney

Este capítulo é construído restritamente sobre a idéia de significado e propósito introduzidas no capítulo anterior. Até agora nos foi dito que "Deus" é o “criador”, e nós, a criatura. Contudo não nos foi dito como os pensamentos na mente de Deus fazem par com os nossos, de modo que possamos "descobrir" o que é "revelado". Foi dito que apenas a partir do nosso "relacionamento" com Ele podemos "descobrir" nosso significado e propósito.

Contudo, não foi dito como isso acontece, pois nosso padrão é estar fora, e não dentro de tal relacionamento. Simplesmente nos é garantido que podemos agir, de alguma maneira, para buscar tal relacionamento, e que tendo agido assim podemos, com sucesso, "descobrir" significado e propósito. Contudo, não é dito como a criatura possa determinar algo para o Criador. A chave para resolver estas dificuldades é uma discussão clara e bíblica da Doutrina do Pecado, o que sofrivelmente falta neste tratado, até este ponto.

A idéia do Pecado esteve completamente ausente no Dia Um, este assunto foi mencionado no Dia Dois, e aqui vemos que este ponto é tocado de novo. "Quando Caim pecou, sua culpa o desconectou da presença de Deus" (p.28)[N.T. - a tradução em do livro de Warren para o português feita por James Monteiro dos Reis traz a expressão "fez cair" em vez de "desconectou", como está no original.]. Warren evidentemente escolheu o caso de Caim porque o texto, então, prossegue a respeito dele "... será um fugitivo errante pelo mundo" (Gênesis 4:12). Isto leva bem a seu ponto, que "descreve a maioria das pessoas hoje em dia — perambulando pela vida, sem propósito." (p.28). Contudo, isso não caracteriza precisamente a natureza ou as conseqüências do pecado. Os pais de Caim, Adão e Eva, pecaram e não foram "desconectados da presença de Deus", pois os vemos trazendo sacrifícios a Deus, o que foi o pretexto do pecado de Caim. Se a conseqüência do pecado fosse "sermos desconectados da presença de Deus", então qual seria o significado de Gênesis 4:15, onde Deus "... pos um sinal em Caim..."? No contexto dessa tese, Warren parece querer dizer que estando em relacionamento - conectados - com Deus, nos é permitido "descobrir" nosso propósito, mas que estando fora de tal relacionamento - desconectados - Deus nos veda esta descoberta. Aqui ele declara que pecado é o que causa esta desconexão. Há uma forma de verdade, nisso. Contudo, como recontado acima, as idéias de Warren sobre Criador, criação, homem, existência e significado estão terrivelmente atrapalhadas, e em um estado que não se podem distingui-las das idéias do Humanismo. É crucial para restaurar o verdadeiro significado cristão destas coisas a verdadeira Doutrina bíblica do Pecado. Warren perdeu outra oportunidade de nos prover isto.

"Pecado é qualquer transgressão ou falta de conformidade à Lei de Deus", é o que diz o Pequeno Catecismo de Westminter [1]. Isto é baseado na clara declaração de I João 3:4 "Qualquer que comete pecado também comete iniqüidade, porque pecado é iniqüidade". O pecador é moralmente culpado perante Deus. O pecador não é "desconectado da presença de Deus"; ao invés disso, ele permanece sob a ira de Deus, "pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência" (Colossenses 3:6). Há um verdadeiro sentido no qual o pecador é feito estranho à Graça de Deus, como é expresso em Isaias 59:1-2 "Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, agravado para que não possa ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus e o vosso pecado encobre o Seu rosto de vós, para que não vos ouça." O verso um torna extremamente claro que não há nada errado com a audição ou força de Deus. O verso dois explica que se nós não gozamos de seu poder e sua atenção, temos somente a nossos próprios pecados para nos culpar. Isso é uma forma de julgamento. O pecador não é banido, ele é julgado.

De modo geral Warren fixou nossas dificuldades a algum tipo de alienação de Deus, devido a algum pecado. Mas esta discussão sobre esta questão é muito incompleta e dada em termos muito nebulosos. Não nos surpreende, então, ver que o remédio também é expresso em termos bastante nebulosos. Diz ele, "A especialidade de Deus é dar às pessoas um novo início" (p.28). Aqui o pecador é caracterizado como tendo perdido o significado e propósito, os quais deveriam vir de Deus, e a Graça de Deus para com ele é dá-lo outra chance. Warren não tentou definir o pecado, mas concentrou-se nos resultados ou conseqüências do pecado, o que ele sugere que seriam, basicamente, sermos "desconectados da presença de Deus". Como Caim, ele diz, o “pecador” da atualidade vaga sem objetivos e sem propósitos pela vida. Sob alicerce tão instável fica impossível dizer o que, exatamente, seria esse "novo início". A clareza da verdadeira mensagem bíblica apresenta distinto contraste com este pábulo.

Biblicamente, o pecador ofendeu a Deus transgredindo Sua Lei, e fica condenado perante Deus. Ele [o pecador] não tem nada de bom em si mesmo, que pelo seus meios possa reparar seu pecado. A Graça de Deus para com ele consiste da Redenção - Sua obra em Cristo, a imputação da culpa dos pecadores a Cristo, que em Sua morte, sepultamento e ressurreição traz expiação dos pecados. O problema do "pecador" não é vagar sem propósitos pela vida. O pecador, do ponto de vista bíblico, escolheu a falta de propósitos ao invés de encarar seu dever para com seu Criador e Juiz. Sua "falta de propósitos" consiste em uma determinação pré-meditada de fugir de Deus. O remédio provido por Jesus Cristo não é um "relacionamento" que nos reconecta à origem cósmica da qual podemos "descobrir" significado e propósito. O remédio, biblicamente falando, é a Redenção - a Expiação de nossos pecados - de modo que a Graça de Deus possa nos atrair e não nos repelir dEle. A cada dia vemos Warren divergindo mais da ortodoxia.

A parte principal deste capítulo é uma pesquisa de várias coisas - culpa, ira, medo, materialismo, necessidade de aprovação - que guiam as vidas das pessoas. Warren argumenta, ao invés disso, que os propósitos de Deus é que deveriam guiar nossas vidas. É nisso que nós vemos a tese subjacente a sua marca registrada " Uma Vida Guiada por Propósitos " [N.T. – Esta é a tradução literal do título do livro]. Dado a forma como ele apresentou o problema - o pecado nos aliena de Deus, e como Caim, nós vagamos errantes pela vida, sem propósitos; Deus nos concede um novo começo, e agora podemos "descobrir" nosso propósito - a idéia de propósito ascende à suprema importância em seu esquema. "Nada é mais importante do que conhecer os propósitos de Deus para sua vida, e nada pode compensar o prejuízo de não conhecê-los." (p.30).

Para evitar que o leitor suponha erroneamente que Warren exagerou na importância de "propósito" ele o define em termos que não deixam dúvida. "O propósito se torna o padrão pelo qual você avalia quais ações são essenciais e quais não são... Sem um propósito claro, ficamos sem alicerce sobre o qual funda¬mentar decisões, destinar o tempo e empregar os recursos" (p.31). Com termos como "Nada é mais importante", "padrão" e "alicerce", é impossível para o leitor evitar a conclusão de que Warren concebe "propósito" como se fosse um deus na vida humana. "Propósito" até pode ser entendido como o poder de Deus. "Não há nada tão potente como uma vida direcionada, que é vivida com um propósito... O após¬tolo Paulo, por exemplo, difundiu o cristianismo no Império Romano praticamente sozinho. Seu segredo era uma vida direcionada" (p.32). Se o "segredo" de Paulo foi concentrar-se em algum "propósito", então não foi o Cristianismo que ele difundiu por todo o Império Romano. O "segredo" de focalizar um "propósito" é uma ideologia de auto-ajuda que Warren rejeitou no Dia Um (veja p. 19).

Warren encerra este capítulo com uma introdução ao terma da eternidade. No final, quando estivermos perante Deus, ele imagina que Deus nos porá duas questões cruciais. Ele propõe que a primeira destas questões será "O que você fez com meu Filho, Jesus Cristo?" (p.34). Colocando o problema deste modo, apenas serve para reiterar uma questão já posta, e que ainda permanece sem a atenção de Warren: Como podemos, de modo significativo, falar de um relacionamento entre Deus e sua criatura como dependendo da iniciativa e poder da criatura? Nos termos desta discussão, poderíamos colocar: Como pode um pecador, morto em seus descaminhos e pecados, fazer algo por Jesus Cristo estando apartado da Graça de Deus? Warren cita João 14:6 "...ninguém vem ao Pai senão por mim". Até o protesto arminiano cita João 15:5 "...sem mim nada podeis fazer." Não resta dúvida que, se questionado diretamente sobre isso, Warren iria concordar com o ensinamento bíblico a respeito do povo de Deus, de que "estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)" (Efésios 2:5). Porém, aqui ele fala dessas coisas de uma maneira que glorifica a iniciativa e poder humanos, roubando de Deus a glória devida somente a Ele.

Warren imagina que a segunda questão colocada por Deus no final será "O que você fez com o que Eu te dei?" (p.34). Aqui ele se refere a nossos "dons, talentos,oportunidades, energia, relacionamentos e recursos" e se, ou não, nós "os usamos para os propósitos que Deus fez para você". Warren estruturou "propósito" como algo que nós deveríamos, de algum modo, "descobrir" em Deus, e tendo uma vez captado isso, se torne algo mais importante do que qualquer outra coisa, e se torne o padrão e alicerce de nossas ações. Finalmente, ele se torna o critério pelo qual somos julgados por Deus. Fora da imaginação de Warren, nós lemos na Bíblia "Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio de seu corpo, ou bem ou mal" (II Coríntios, 5:10). Seguramente Deus irá nos julgar pelo que fizemos. Mas o critério não será o "propósito". O critério será "bem ou mal". Como podemos determinar bem ou mal? O próprio Deus personifica o padrão de bem e mal, e Sua Palavra nos revela isso.

Warren encheu seu livro com referências à Bíblia (ou, na maior parte, com referências às paráfrases mais modernas da Bíblia), mas até este ponto no livro não foi explicado como deveríamos receber a Palavra de Deus de maneira diferente daquela que recebemos pensamentos que aparecem, que por si só, em nossas mentes. Sem uma clara distinção entre Criador e criatura não pode haver distinção decisiva entre as palavras do "Criador" e as palavras da criatura. Neste caso não pode haver um claro padrão da justiça nas palavras do "Criador", à qual a criatura tem o dever de se submeter. Sem que o pecador se curve com arrependimento perante o Criador pode haver apenas o Humanismo, para o qual cada homem é uma lei para si mesmo. A idéia de Warren de julgamento como um "propósito" não contraria a moralidade Humanista.

Todavia, iremos insistir nisso neste tratado.

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Fonte: http://purposejourney.blogspot.com/

Traduzido por Renato Tavares em maio/2008, mediante autorização expressa do autor.

[1] - O autor é calvinista, o que justifica a citação a documentos do Calvinismo. Todavia, os autores do Música Sacra e Adoração consideram o conteúdo geral do artigo de grande valor para a compreensão de conceitos básicos da adoração a Deus, justificando assim sua publicação neste sítio.


Escrito aqui e publicado por Éber Stevão

UMA ANÁLISE DO LIVRO "UMA VIDA COM PROPÓSITOS" Rick Warren - Parte III

Uma Análise do Livro "Uma Vida Com Propósitos" de Rick Warren

Dia dois - Você Não É Um Acidente
Por Scott Mooney

Warren mais uma vez sustenta a sua promessa, iniciando o segundo dia com sabedoria bíblica no que se refere às origens do ser humano. Nós somos, ele garante, criados por Deus, que atuou em Sua infinita soberania, para controlar todos os fatores envolvidos na criação, nascimento, vida e morte de cada pessoa. Ele é enfático em declarar o ensinamento Bíblico, ainda que pouco popular, de que "O propósito de Deus levou em conta o erro humano e até mesmo o pecado." (p.23). Aqui vemos o aparecimento da idéia do pecado, o que foi sofrivelmente posto de lado no Dia Um.

Waren se alonga nos detalhes a respeito da Doutrina da Criação, mas parece satisfeito ao supor que seus leitores não precisam de explicações adicionais sobre o pecado. Contudo, já vimos que a elaboração da Doutrina do Pecado - de modo consciente - foi desesperadamente necessária no Dia Um. Hoje ela é mencionada, mas faz-se necessário muito mais do que uma simples menção para compensar as deficiências já notadas. Vejamos se as renovadas promessas hão de frutificar.
Warren declara que o homem era o ponto alto nos motivos criativos de Deus. É dito que a Terra foi projetada e criada tendo o homem em mente. Isto está correto, em certo sentido. Mas o leitor já começa a se perguntar se isto compromete a grandeza daquela poderosa premissa fundamental, "A questão não é você." (p.17). O leitor fica até mais desconfiado, e emerge um padrão inquietante de promessa seguida de perto por um desapontamento, conforme deparamos com os demais argumentos de Warren. Ele cita o cientista Dr. Michael Denton, que disse "o universo como um todo foi especialmente criado tendo a vida e a humanidade como principal objetivo e propósito; um conjunto no qual todas as facetas da realidade têm seu significado e explicação nesse fato fundamental"(p.24). Warren então em seguida adiciona sua própria declaração "A Bíblia disse a mesma coisa milhares de anos atrás." (p.24). Ele cita Isaias 45:18 para sustentar sua visão: "Ele é Deus; que moldou a terra... não a criou para estar vazia, mas a formou para ser habitada". Contudo, a afirmação que Deus pretendesse que a Terra fosse habitada por pessoas, dificilmente é o mesmo que se dizer "todas as facetas da realidade têm seu significado e explicação" no "fato central" da vida humana. A declaração do Dr. Denton é clara o bastante, mas está longe de ser claro se sua declaração conclui a mesma coisa que a Bíblia tem dito por milhares de anos. Devemos dar a este ponto escrutínio muito maior do que Warren permitiu.
Parece que Warren salienta este ponto de tal maneira que idéias de significado surgem somente dos cristãos, e que que toda a descrença é caracterizada por falta de significado e desespero. Mas na realidade isso não é exato. Muitos descrentes são guiados por um forte senso de sentido e propósito, e muitos cristão são atormentados pelo desespero. As idéias não cristãs de significado e propósito são falsas, e muitos cristãos erroneamente se entregam a sentimentos de desespero. Simplesmente não é verdade que uma profissão de fé cristã automaticamente resulta em ardente senso de significado e propósito, nem é verdade que a descrença sempre resulte em falta de sentido e desespero. O Dr. Denton pode ser um ótimo cristão, senhores, mas o que ele expressou, conforme citado por Warren, não é uma idéia cristã de significado e propósito. Sua visão tem tudo em comum com Aristóteles, porém nada em comum com as Escrituras. Os antigos gregos procuravam um princípio conclusivo que explicaria e unificaria todas as coisas, e assumiram que a mente humana poderia determinar este princípio. Eles falavam muito sobre "deus", mas seu conceito foi qualquer coisa exceto a idéia bíblica e cristã de um Criador Soberano, Não-Criado, sobre toda a realidade. Apesar de concebidos de diversas formas, seus deuses sempre eram relacionados aos homens, como nós, sujeitos aos conceitos abstratos de verdade e racionalidade. Desse modo, "deus" não teria autoridade para determinar a verdade ou o significado do homem. A idéia grega era precisamente aquela expressa pelo Dr. Denton: a vida humana foi o objetivo e propósito fundamental da realidade, a qual tem seu significado e explicação neste fato central. A filosofia antiga grega foi a epítome do Humanismo. Humanismo, em sua raíz, é simplesmente o esforço para encontrar a explicação e significado da vida e existência sem qualquer conhecimento do Criador. Esta é precisamente a "filosofia" sobre a qual Paulo nos alertou em Colossenses 2:8.
A idéia cristã de significado é exatamente oposta a esta. A idéia cristã é que, a menos que se comece a contemplação de vida e existência com reconhecimento do Criador, não se pode alcançar a verdade. A existência é explicada somente, e apenas somente pelo fato da criação. A existência tem o seu significado somente porque é isto que o Criador determinou que significasse. Procurar explicação e significado sem reconhecimento do Criador não apenas é um descaminho - como também é pecado. É pecado porque falhar ao reconhecer Deus conduz à negação de Deus (ver, por exemplo, Romanos 1:18-32). Não se pode desafiar a indagação não-cristã de significado sem uma inequívoca declaração de pecaminosidade desta indagação. Ao relegar a Doutrina do Pecado a uma mera menção, até este ponto de seu tratado, Warren impediu qualquer avaliação correta das idéias de significado cristãs versus não-cristãs. Não é de se surpreender, portanto, que ele veria uma equivalência entre a declaração do Dr. Denton, que a vida humana é o "fato central" da existência, e a mensagem da Bíblia. Na realidade a mensagem da bíblia é que a Criação é o fato central da existência, e a suposição do homem que sua própria vida é o fato central, que dá significado e explicação a toda existência, é um erro que emerge diretamente de sua negação pecaminosa de Deus.
Warren parecia indicar a idéia cristã de significado na abertura deste capítulo com sua descrição inspiradora da oniciência e onipotência do Soberano Criador. Mas as palavras podem significar muitas coisas diferentes. Faz-se necessária a elaboração do sistema maior aonde palavras são proferidas com o objetivo de conhecer verdadeira e completamente com qual objetivo foram empregadas. Conforme prosseguimos pelo Dia Dois fica difícil manter a presunção de que Warren se refere ao Deus da Bíblia, ao Deus do Cristianismo histórico e bíblico, ao Deus de nossos pais. Na melhor das hipóteses, poderíamos até dizer que Warren interpretou mal as palavras do Dr. Denton. Contudo, quando chegamos às observações de Warren sobre significado e realidade, constatamos que quanto mais ele elabora sua visão, mais sua visão diverge da ortodoxia cristã. Ele declara "Se não houvesse um Deus, seríamos todos 'acidentes', o resultado de um fato extraordinariamente aleatório no universo" (p.25). A partir deste ponto, podemos ver que Warren tenta acolher uma hipótese de que Deus não exista. A verdadeira sabedoria Cristã rejeita isto como uma hipótese totalmente indigna. Esta é a hipótese dos néscios (Salmos 10:4, 14:1, 53:1, Romanos 1:22, I Corintios 1:20). Já vimos ontem que Warren estava disposto a falar da existência do homem sem relação com o Criador. Se isto fosse possível, então o homem possivelmente poderia existir com ou sem a existência de um Criador. Persistindo na tentativa de considerar que tipo de realidade nós teríamos se não houvesse Criador, Warren está disposto a colocar a hipótese de que neste caso, de algum modo, haveria um "universo", e que um acaso aleatório operando neste "universo" poderia de algum modo produzir o homem. Warren está disposto a colocar a hipótese de que o homem ainda poderia existir se não houvesse Deus, mas neste caso sua existência certamente não teria significado. Este desejo de considerar a simples existência de algo separadamente em relação a seu significado é a essência da abordagem Humanística para a realidade: "Deus" é declarado após o fato, como modo de prover algum significado a algo que hipoteticamente poderia existir sem esse "deus". Em forte contraste a isso, a idéia cristã de realidade une existência e significado na Doutrina da Criação. Nada pode existir independentemente de Deus; existência tem esse significado pois é a criação de Deus.
O Humanista fica satisfeito ao falar de "deus" em conexão à questão do significado da vida, desde que a existência da vida esteja estabelecida de modo completamente independente de existir ou não um "deus". Não é surpreendente, então, lermos Warren afirmando: "Descobrimos esse significado e propósito somente quando tomamos a Deus como ponto de referência de nossa vida" (p.25). É bom e correto falar de Deus como "ponto de referência" para uma interpretação correta de toda a realidade. Mas a idéia cristã disso é que Deus invariavelmente é este ponto de referência porque a existência é invariavelmente Sua criação. A verdade disso, com o significado que isto provê, nos é revelado. A distorção Humanista é que "deus" poderia executar sua função ou não, dependendo da preferência autônoma do homem, e se o "homem autônomo" escolhe fazer de "deus" este ponto de referência, então ele poderia a partir daí "descobrir" significado. Devido a poder, sabedoria e conhecimento superiores, o Humanista refere-se a "deus", de modo que ele possa apelar para tal "deus" como evidência do significado de coisas que existam independentemente de "deus". Mas finalmente o Humanista deixa por conta de sua própria mente o arbítrio final destas coisas. Se somos nós quem "fazemos de Deus o ponto de referência para nossas vidas", então não é mais Deus quem tem sido o ponto referencial de nossas vidas. A epistemologia cristã defende que o pecador deve se arrepender e confessar que a não ser que exista o Criador, nada existe, e a não ser que o Criador exaustivamente conheça sua criação, nada tem significado, e que a busca de significado que não começa curvando-se perante Deus é uma busca pecaminosa. Mas estas coisas não podem ser sustentadas sem uma firme e clara Doutrina do Pecado, a qual, até este ponto, Warren ainda não forneceu.


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Fonte: http://purposejourney.blogspot.com/

Traduzido por Renato Tavares em maio/2008, mediante autorização expressa do autor.

Escrito aqui e publicado por Éber Stevão

UMA ANÁLISE DO LIVRO "UMA VIDA COM PROPÓSITOS" Rick Warren - Parte II

Uma Análise do Livro "Uma Vida Com Propósitos" de Rick Warren

Dia Um - Tudo Começa Com Deus
Por Scott Mooney

Este livro tem um bom começo. Os três primeiros parágrafos contêm uma promessa que grandes coisas virão. Somos instados a considerar a Deus em primeiro lugar sobre todas as coisas, pois Ele é o Criador de todas as coisas. Foi precisamente neste ponto onde Calvino começou suas Institutas da Religião Cristã, destacando que enquanto o auto-conhecimento e o conhecimento de Deus parecem envolver um ao outro, certamente que o verdadeiro auto-conhecimento depende do verdadeiro conhecimento de Deus.

Prosseguindo, Warren elabora dois possíveis métodos para se alcançar o verdadeiro auto-conhecimento: especulação e revelação. Nisto também ele faz eco com os argumentos de Calvino. Corretamente, ele rejeita a especulação. Uma vez que não somos o Criador, não podemos, portanto, nos pronunciar autoritariamente sobre o significado da criação. Corretamente ele encoraja a revelação, e corretamente identifica a revelação como sendo a Palavra de Deus; a Bíblia. Através de Sua fala, o Criador define a realidade criada. Nosso conhecimento de nós mesmos, e de toda a criação, é verdadeiro se estiver fundamentado na revelação.

Contudo, no que se segue, a grande promessa da introdução é destruída. Warren se afasta de Calvino e da sabedoria bíblica saudável [1]. Em suas Institutas, Calvino segue adiante com a elaboração do impedimento do pecado, e da verdadeira doutrina da Revelação Bíblica. Warren escamoteia o assunto do pecado totalmente. Assim, uma questão crucial não é abordada, e portanto, não é respondida: se nós somos a criação de Deus, então porque há dificuldade em conhecer isto, e em compreendermos a nós mesmos, e a realidade corretamente? Tendo simplesmente pulado toda essa questão, Warren não se preocupa em elaborar uma Doutrina da Revelação. Esse afastamento da sabedoria Bíblica leva a muitos problemas, alguns dos quais são abordados no decorrer do primeiro dia.

Apesar de haver enfatizado a "revelação" sobre a especulação, ele repetidamente fala do verdadeiro auto-conhecimento como algo que possamos "descobrir" (pp.18, 19, 20). Nossa "descoberta", é dito que viria "através de um relacionamento com Jesus Cristo" (p.20). Porém, sem uma idéia clara do pecado em vista, esta idéia do "descobrimento" não pode ser retratada de modo relevante como envolvida na Redenção. Este problema sugere um refinamento da questão acima: se sou uma criação de Deus, porque eu não deveria ter uma relação com Jesus Cristo? De fato, é possível a alguma criatura viver apartada de seu Criador? No entanto, não há qualquer indício de consideração destas questões. Ao invés disso, há apenas a garantia de que depende de nossa própria iniciativa e força começarmos tal relacionamento. Como ele coloca, "Se você não tem esse relacionamento, explicarei mais adiante como iniciá-lo." (p.20). Isto, por sua vez, sugere outras questões; por exemplo, se Deus é o Criador de todas as coisas, e assim determina o significado e objetivo das coisas, então como podemos falar de relacionamento entre Deus e criatura que dependa de iniciativa e poder da criatura? Warren não nos fornece uma explicação.

De fato, se eu "descubro" meu significado e objetivo através de uma iniciativa que eu exercito para iniciar um relacionamento com Jesus Cristo, então o que realmente resta de um "Criador" ou qualquer "revelação" que consista de Sua palavra? Como a Bíblia é essencialmente diferente do Corão, do Talmud, do Upanishads, do Bhagavad Gita, do Vedas, do I-Ching, do Ovid, etc? Como a Bíblia é essencialmente diferente dos pensamentos de minha própria mente? Warren encerra o primeiro dia com o que supostamente seria uma estória inspiradora de um romancista russo e ateu, que estava dominado por grande desespero. E então, "De repente, uma frase apareceu por si só: Sem Deus a vida não faz sentido." (p.21). Como a Bíblia é essencialmente diferente de "subitamente, por si só, uma frase surgiu"? Pode-se sugerir que a experiência do ateu russo é um exemplo da "revelação geral" da natureza. De fato, a ortodoxia bíblica sustenta que os homens são criaturas de Deus, e feitos à Sua imagem; portanto é de sua natureza conhecer este fato e conhecer a Ele, embora que, por causa do pecado, procuram fugir dEle. Mas Warren não promove a discussão, comparando e contrastando a revelação "geral" da natureza, e a revelação especial da Bíblia. O ateu russo é apresentado como que chegando à fé verdadeira através de pensamentos que afloram de sua mente.

A ortodoxia Bíblica sustenta, de um lado, que a revelação geral da natureza é suficiente para que todo homem conheça a Deus, e conheça seu dever para com Deus, e por isso, estamos "inescusáveis" em nossos pecados (Romanos 1:18-23); por outro lado, que somente a revelação especial da Bíblia é suficiente para a regeneração do homem na fé (Romanos 10:6-17). "Revelação" significa que Deus nos revela algo que não poderíamos saber se Ele não nos falasse. Isto é o que diferencia a Bíblia dos demais "textos sagrados". A Bíblia é a palavra do Criador de toda a realidade. Outros textos são palavras de homens. O verdadeiro objetivo cristão é manter uma clara e profunda distinção entre o Criador e a criatura - entre o Deus que define e determina toda a realidade, e o homem que habita, experimenta e é limitado por esta realidade. A autoridade da Bíblia nos pensamentos e vidas dos homens está alicerçada sobre esta distinção. Apartados desta distinção, a mente e os pensamentos de "Deus" não podem ser separados da mente e dos pensamentos dos homens. Neste caso, não haveria distinção significativa entre a Bíblia e quaisquer outras palavras que possamos encontrar.

A mensagem de Warren até então parece ser: 1) O homem é uma criatura de Deus, mas 2) de algum modo a "criatura" pode existir sem relação com o "Criador"; 3) Embora isso possa ser problemático para a criatura, entretanto, ele pode exercitar sua força e iniciativa para entrar em um relacionamento com o Criador; 4) algo que nós temos o hábito de nos referir como "revelação" será, de algum modo, envolvido nesta "descoberta" do significado e objetivo da vida. Os conceitos de Warren para "Deus", "homem", "revelação" e "descoberta" são um tanto quanto nebulosos. Portanto, nestes termos, uma transformação do homem sem significado e sem propósitos para o homem com significado e propósitos é um processo mal definido; a criatura, de algum modo, se transforma naquilo que o Criador o criou para ser. Conforme Warren coloca, trata-se de "se tornar o que Deus pretendia fazer de você ao criá-lo." (p.19).

Em contraste com isso, uma mensagem biblicamente ortodoxa defende que 1) é da natureza da criatura se relacionar com o criador - que nada pode existir apartado desta relação (Colossenses 1:17); 2) que o problema do homem não consiste de uma dificuldade metafísica pela qual carecemos desta relação, mas da dificuldade moral de ser um pecador, que quebrou as leis de Deus e portanto é culpado perante Ele; ou seja, ele não está sem relação com Deus, mas ostenta a relação de um pecador perante seu juiz ao invés de uma relação de um filho perante seu pai; 3) que, portanto, a necessidade do homem não é "iniciar um relacionamento com Jesus", mas encontrar um remédio para o seu pecado; 4) e que a evidência da natureza é suficiente para condenar todo homem que recusa a curvar-se perante seu Criador, mas somente a Palavra autorizada do Criador, que é O único que determina e interpreta toda a realidade, é suficiente para nos ensinar as verdades sobre quem somos, nossos reais pecados, e o remédio provido por Deus em Cristo.

Embora Warren tenha iniciado seu tratado com a promessa de uma "distinção entre Criador/criatura", sua promessa não foi cumprida. Apesar dele anunciar a rejeição da "especulação", no final a visão que ele construiu não poderia ser mais especulativa. Sua caracterização da verdade de Deus como uma "descoberta" humana implica em correlação, não em distinção, do "Criador" e da "criatura". Neste caso, o que o "Criador" e a "criatura" realmente significam? Ou o homem é um pecador que deve se humilhar perante seu Criador para aprender de Sua palavra a verdade sobre o Criador e a criatura, ou então ele é um investigador moralmente "neutro", que deve permanecer livre para determinar o significado de "criador" e "criatura" por si mesmo. Warren deixou o pecado completamente fora desta discussão, ao passo que apartados da verdadeira "distinção entre Criador/criatura" não pode haver idéia realmente bíblica sobre o pecado. Sem uma idéia bíblica sobre o pecado, Warren é forçado a uma assumir posição de defesa da especulação que ele disse rejeitar. Não possuindo uma idéia correta quanto ao problema básico do homem, ele é impedido de sugerir um remédio adequado. Sua solução tem tudo a haver com "relacionamento" e nada a haver com "Redenção". Ainda assim, seus parágrafos iniciais apresentam uma centelha de verdade. Nós devemos manter as esperanças que esta centelha possa ainda arder e que as estas deficiências possam ser superadas nos próximos dias.

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Fonte: http://purposejourney.blogspot.com

Traduzido por Renato Tavares em abril/2008, mediante autorização expressa do autor

[1] - O autor é calvinista, o que justifica a citação a Calvino e algumas citações posteriores a documentos do Calvinismo. Todavia, os autores do Música Sacra e Adoração consideram o conteúdo geral do artigo de grande valor para a compreensão de conceitos básicos da adoração a Deus, justificando assim sua publicação neste sítio.


Escrito aqui e publicado por Éber Stevão

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