Gostaria de deixar esta última mensagem no blog antes da virada do ano. O ano de 2009 foi corrido, conturbado, mas também cheio da misericórdia de Deus sobre nossas vidas. Pudemos nos vestir, comer, viajar, ganhar almas pregando o Evangelho de Jesus para muitos. Que privilégio!
A mensagem que quero ressaltar aqui, é parte de um capítulo do livro “O que Jesus espera de seus Seguidores”, escrito pelo pastor John Piper. O texto segue abaixo, integral, ressaltado em cor vermelha.
“Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens – o sacrifício prazeroso do amor no sofrimento
Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês. Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus. (Mateus 5:11-16)
Depois de saber que o desejo supremo de Jesus, do Pai e do Espírito é manifestar a glória de Deus, não deve nos admirar o fato de que os seguidores de Jesus devam ter esse mesmo desejo. Devemos viver de forma que as pessoas olhem para nós e engrandeçam ao nosso Deus. É o que Jesus ordena.
Brilhe com a luz que você é
A luz que deixamos brilhar é a luz que somos. Jesus disse: “Vocês são a luz do mundo” (Mateus 5:14). Há um movimento de dentro para fora. O que as pessoas vêem do lado de fora são nossas ‘boas obras’. Mas isso não diz quem somos. As boas obras tem uma fonte de luz, e ela vem de dentro. Este é o segredo para compreendermos por que essa luz deve brilhar: para que as pessoas vejam as nossas boas obras e glorifiquem a Deus. Por que glorificar a Deus, e não a nós? Porque a luz que brilha é a luz de Deus, ou a luz de Jesus – a revelação da glória de Deus.
Que luz as pessoas vêem?
Por que Jesus disse, então, que somos a luz do mundo? Como as boas ações podem brotar de nosso interior de forma que manifestem a glória de Deus? Nesse ponto, seria prudente não nos afastarmos do contexto das palavras de Jesus. Ele acabara de falar das bem-aventuranças: bem-aventurados os pobres de espírito, os que choram, os humildes, os que tem fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os pacificadores e os perseguidos por causa da justiça (v.3-10). Vemos aqui um tipo de identidade muito raro no mundo. Assemelha-se ao sabor do sal, quando as coisas estão sem gosto e sem encanto,1 e a uma luz, que traz esperança a alguém que está tropeçando no escuro.
1. W.D. Davies e Dale Allison apresentam 11 possíveis significados para ‘vocês são o sal da terra’ (Mateus 5:13) e concluem que talvez esta seja a idéia: as várias utilidades do sal (A Critical and Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint Matthew, International Critical Commentary [Edinburgh: T & T Clark, 1988], v.1, p.472-3). Eu, porém, junto-me aos que pensam que é muito comum alguém falar do sabor do sal. Existe uma espécie de vida diferente arraigada às promessas das bem-aventuranças, cujo sabor é raro e maravilhoso neste mundo sem encantos e de excessivos prazeres superficiais.
No entanto, há uma bem-aventurança mais próxima do mandamento de deixar nossa luz brilhar para a glória de Deus, isto é, somos abençoados quando alguém nos insulta.
Bem aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês. (Mateus 5:11,12)
Imediatamente após o mandamento de nos alegrarmos na perseguição, Jesus declara: ‘Vocês são o sal da terra. [...] Vocês são a luz do mundo’ (v.13, 14). Concluo, portanto, que neste mundo insípido e escuro existe algo mais salgado e brilhante: a alegria quase incompreensível dos seguidores de Jesus em meio às perseguições e provações da vida.
É uma alegria ser humilde, misericordioso, puro de coração e pacificador, mas essas qualidades não bastam para despertar a atenção das pessoas para a glória de Deus. Em geral, elas só entendem que Deus está por trás de nossas boas obras quando nos vêem passar por um sofrimento que, na maioria das vezes, lhes causaria ira ou desespero, mas cujo efeito sobre nós é diferente. Elas vêem que nos ‘alegramos’ nas provações. Vêem que essas provações não produzem sentimentos de egoísmo ou de autopiedade nem um espírito mesquinho. Ao contrário, vêem alegria e não entendem o motivo dessa esperança quando tudo parece ter desabado à nossa volta. A resposta, Jesus diz, é que temos grande recompensa nos céus (5:12). Jesus passou a ser um tesouro para nós, muito mais precioso que tudo que o mundo oferece. Portanto, quando a perseguição ou a desgraça leva embora os prazeres deste mundo, continuamos a ter Jesus e a ter alegria.
Quando nossas boas obras recebem o sabor desse sal e brilham com essa luz, o mundo sente o desejo de provar algo que nunca provou e de ver algo que nunca viu, isto é, a glória de Deus em Jesus. Se dermos testemunho a respeito da verdade e da beleza de Jesus2 e se o Espírito soprar misericordiosamente no coração daqueles que observam a evidência dessa beleza em nossa vida, eles glorificarão ao nosso Pai, que está nos céus (5:16).
2. Jesus consideraria um grande erro se interpretássemos suas palavras erroneamente, isto é, que uma pessoa possa ter uma visão redentora da glória de Deus por meio de nossas ações, sem nosso testemunho verbal de quem Jesus é e do que Ele fez por nós e nos prometeu. Foi por isso que Jesus enviou os discípulos para pregarem e fazerem boas obras (Mateus 10:7,8; Lucas 9:2; 10:9). Ele não ordenou que pregassem ou fizessem, mas que pregassem e fizessem. A grande missão salvadora dos seguidores de Jesus é proclamar o evangelho, mostrando uma vida de amor semelhante ao sal e à luz: ‘E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas nações, e então virá o fim’ (Mateus 24:14).
A glória de Deus é um ‘motivo oculto’ para o amor?
A supremacia do valor da glória de Deus é vista no mandamento de Jesus em Mateus 5:16: ‘Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus’. Ele diz claramente que nosso objetivo ao praticar boas obras é que os homens possam glorificar a Deus. Às vezes, quem fala muito de amor, mas não se concentra em Deus, como Jesus, faz declarações como esta: ‘Se você faz o bem aos outros com a finalidade de glorificar ao seu Deus, não está amando essas pessoas, porque existe um motivo oculto por trás disso’.
Quem faz esse tipo de crítica nunca conheceu a glória de Deus como o maior dom e a maior alegria que se possa imaginar. Que outro motivo teria alguém para dar a vida por outra pessoa (fazer o bem a ela) senão o objetivo específico de satisfazê-la para sempre com a glória de Deus? Esse motivo não é oculto: é explícito, básico, evidente. É a verdadeira essência do amor. Os seguidores de Jesus não fazem o bem sem ter o objetivo de conduzir quem eles amam à vida eterna. Sabem exatamente qual é o bem maior, o mais alto e o mais jubiloso: ver Deus em Jesus para sempre e experimentar isso. Esse é o objetivo deles, do qual não se envergonham. Para eles, um objetivo mais modesto seria falta de amor.
Jesus nos amou porque sacrificou sua vida para obter a glória de Deus para nós
Já vimos isto, mas é tão importante que merece ser visto em textos diferentes: Jesus amou dessa maneira. Na hora de maior sofrimento, ele deixou sua luz brilhar mais intensamente por meio de uma ‘boa obra’. Enquanto realizava a maior ‘boa obra’ deste mundo, ele pensou em voz alta: ‘Agora meu coração está perturbado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora?’ A resposta foi não. Em vez de pedir ao Pai que o salvasse, ele fez menção do motivo fundamental da chegada dessa hora: ‘Não; eu vim exatamente para isto, para esta hora. Pai glorifica o teu nome! (João 12:27,28) D.A. Carson está correto ao dizer que isso é ‘nada mais que uma articulação do princípio que controlou sua vida e ministério (7:18; 8:29,50)’3. Do início (2:11) até o fim (12:28), Jesus deixou sua luz brilhar – fez boas obras – para comprovar e manifestar a glória de Deus.
3. The Gospel According to John (Gran Rapids: Eerdmans, 1991), p.440.
Para Jesus, esse foi seu ato supremo de amor, não apenas porque lhe custou a vida (15:13), mas também porque obteve gratuitamente a maior dádiva possível para os pecadores. Ele orou por isso: ‘Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória...’ (João 17:24). Essa foi a dádiva final, a maior e a mais gratificante que recebemos de Jesus na ‘boa obra’ que ele realizou na cruz.
Isso não faz nenhum sentido para alguém que não vê nem experimenta a glória de Deus como a maior de todas as dádivas. Já para quem renunciou a tudo o que o mundo oferece (Lucas 14:33) e direcionou o coração para receber a ‘grande recompensa’ no céu, isto é, a alegria da glória de Jesus, o preço dessa recompensa que custou a vida de Jesus é o maior ato de amor imaginável.
Deixando nossa luz brilhar, como Jesus, na maneira em que morreremos
Quando nos exorta a deixar a luz brilhar para que os outros vejam nossas boas obras e glorifiquem a Deus, Jesus nos convida a participar da grande obra que ele veio fazer. Assim como buscou a glória do Pai mediante a morte, ele espera que façamos o mesmo. Jesus disse a Pedro: ‘Digo-lhe a verdade: quando você era mais jovem, vestia-se e ia para onde queria; mas quando for velho, estenderá as mãos e outra pessoa o vestirá e o levará para onde você não deseja ir’. Jesus disse isso para indicar o tipo de morte com a qual Pedro iria glorificar a Deus’ (João 21:18,19). Jesus tem certeza de que seus discípulos honrarão a Deus pela forma em que irão morrer.
A única pergunta é: como morreremos? Essa decisão está nas mãos de Deus, como Jesus deixa bem claro:
Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Portanto, não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais! (Mateus 10:29-31)
Se Deus decide como as aves devem morrer, por certo também decidirá como iremos morrer.
A luz de Jesus e a nossa em sua segunda vinda
A grande manifestação final e histórica do brilho da luz de Jesus – e da nossa – ocorrerá em sua segunda vinda. Ele nos diz como será esse brilho. Para ele, será assim: ‘Pois o Filho do homem virá na glória de seu Pai [...] e todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo das nuvens do céu com poder e grande glória. [...] assentar-se-á em seu trono na glória celestial’ (Mateus 16:27; 24:30; 25:31). Jesus veio a primeira vez para manifestar a glória do Pai e virá segunda vez para completar essa revelação, e os anjos ‘...tirarão do seu Reino tudo o que faz tropeçar e todos os que praticam o mal’ (13:41).
E quanto a nós? O que significará a segunda vinda de Jesus para nós? Sabemos que deixar nossa luz brilhar será nossa vocação eterna. Jamais deixaremos de ter essa vocação. É para isto que fomos criados: para nos alegrar com nossa grande recompensa – a glória de Deus em Jesus – a ponto de refletir seu valor infinito em atos de amor que obriguem as pessoas a ver, experimentar e demonstrar a glória de Deus. Vemos essa nossa luz que brilha eternamente em Mateus 13:43, onde Jesus diz o que ocorrerá com seus seguidores em sua segunda vinda: ‘Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai...’.
Esse é o nosso destino final. Contemplando a glória de Jesus (João 17:24), brilharemos com sua beleza e seu amor. A Igreja que ele prometeu edificar (Mateus 16:18) encontrará seu destino final ao refletir a glória de Jesus, para que nossa alegria nele seja cada vez maior, em razão das manifestações multiformes da Igreja no brilho de seus membros.
O Mandamento para brilhar
O mandamento de Jesus ao mundo é que todos os seres humanos encontrem nele a glória que nos dá plena satisfação e para a qual fomos criados. A seguir, ele ordena que deixemos de confiar nas coisas do mundo e depositemos a esperança na grande recompensa da alegria duradoura nele. E, depois dessa esperança e dessa alegria, ele ordena que deixemos nossa luz brilhar em atos de amor e sacrifício, para que os outros possam ver, provar e difundir a glória de Deus”.
Precisa ser dito ou escrito mais alguma coisa a esse respeito?
É isso aí. Fique na paz.
Publicado aqui por Éber Stevão
A mensagem que quero ressaltar aqui, é parte de um capítulo do livro “O que Jesus espera de seus Seguidores”, escrito pelo pastor John Piper. O texto segue abaixo, integral, ressaltado em cor vermelha.
“Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens – o sacrifício prazeroso do amor no sofrimento
Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês. Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus. (Mateus 5:11-16)
Depois de saber que o desejo supremo de Jesus, do Pai e do Espírito é manifestar a glória de Deus, não deve nos admirar o fato de que os seguidores de Jesus devam ter esse mesmo desejo. Devemos viver de forma que as pessoas olhem para nós e engrandeçam ao nosso Deus. É o que Jesus ordena.
Brilhe com a luz que você é
A luz que deixamos brilhar é a luz que somos. Jesus disse: “Vocês são a luz do mundo” (Mateus 5:14). Há um movimento de dentro para fora. O que as pessoas vêem do lado de fora são nossas ‘boas obras’. Mas isso não diz quem somos. As boas obras tem uma fonte de luz, e ela vem de dentro. Este é o segredo para compreendermos por que essa luz deve brilhar: para que as pessoas vejam as nossas boas obras e glorifiquem a Deus. Por que glorificar a Deus, e não a nós? Porque a luz que brilha é a luz de Deus, ou a luz de Jesus – a revelação da glória de Deus.
Que luz as pessoas vêem?
Por que Jesus disse, então, que somos a luz do mundo? Como as boas ações podem brotar de nosso interior de forma que manifestem a glória de Deus? Nesse ponto, seria prudente não nos afastarmos do contexto das palavras de Jesus. Ele acabara de falar das bem-aventuranças: bem-aventurados os pobres de espírito, os que choram, os humildes, os que tem fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os pacificadores e os perseguidos por causa da justiça (v.3-10). Vemos aqui um tipo de identidade muito raro no mundo. Assemelha-se ao sabor do sal, quando as coisas estão sem gosto e sem encanto,1 e a uma luz, que traz esperança a alguém que está tropeçando no escuro.
1. W.D. Davies e Dale Allison apresentam 11 possíveis significados para ‘vocês são o sal da terra’ (Mateus 5:13) e concluem que talvez esta seja a idéia: as várias utilidades do sal (A Critical and Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint Matthew, International Critical Commentary [Edinburgh: T & T Clark, 1988], v.1, p.472-3). Eu, porém, junto-me aos que pensam que é muito comum alguém falar do sabor do sal. Existe uma espécie de vida diferente arraigada às promessas das bem-aventuranças, cujo sabor é raro e maravilhoso neste mundo sem encantos e de excessivos prazeres superficiais.
No entanto, há uma bem-aventurança mais próxima do mandamento de deixar nossa luz brilhar para a glória de Deus, isto é, somos abençoados quando alguém nos insulta.
Bem aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês. (Mateus 5:11,12)
Imediatamente após o mandamento de nos alegrarmos na perseguição, Jesus declara: ‘Vocês são o sal da terra. [...] Vocês são a luz do mundo’ (v.13, 14). Concluo, portanto, que neste mundo insípido e escuro existe algo mais salgado e brilhante: a alegria quase incompreensível dos seguidores de Jesus em meio às perseguições e provações da vida.
É uma alegria ser humilde, misericordioso, puro de coração e pacificador, mas essas qualidades não bastam para despertar a atenção das pessoas para a glória de Deus. Em geral, elas só entendem que Deus está por trás de nossas boas obras quando nos vêem passar por um sofrimento que, na maioria das vezes, lhes causaria ira ou desespero, mas cujo efeito sobre nós é diferente. Elas vêem que nos ‘alegramos’ nas provações. Vêem que essas provações não produzem sentimentos de egoísmo ou de autopiedade nem um espírito mesquinho. Ao contrário, vêem alegria e não entendem o motivo dessa esperança quando tudo parece ter desabado à nossa volta. A resposta, Jesus diz, é que temos grande recompensa nos céus (5:12). Jesus passou a ser um tesouro para nós, muito mais precioso que tudo que o mundo oferece. Portanto, quando a perseguição ou a desgraça leva embora os prazeres deste mundo, continuamos a ter Jesus e a ter alegria.
Quando nossas boas obras recebem o sabor desse sal e brilham com essa luz, o mundo sente o desejo de provar algo que nunca provou e de ver algo que nunca viu, isto é, a glória de Deus em Jesus. Se dermos testemunho a respeito da verdade e da beleza de Jesus2 e se o Espírito soprar misericordiosamente no coração daqueles que observam a evidência dessa beleza em nossa vida, eles glorificarão ao nosso Pai, que está nos céus (5:16).
2. Jesus consideraria um grande erro se interpretássemos suas palavras erroneamente, isto é, que uma pessoa possa ter uma visão redentora da glória de Deus por meio de nossas ações, sem nosso testemunho verbal de quem Jesus é e do que Ele fez por nós e nos prometeu. Foi por isso que Jesus enviou os discípulos para pregarem e fazerem boas obras (Mateus 10:7,8; Lucas 9:2; 10:9). Ele não ordenou que pregassem ou fizessem, mas que pregassem e fizessem. A grande missão salvadora dos seguidores de Jesus é proclamar o evangelho, mostrando uma vida de amor semelhante ao sal e à luz: ‘E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas nações, e então virá o fim’ (Mateus 24:14).
A glória de Deus é um ‘motivo oculto’ para o amor?
A supremacia do valor da glória de Deus é vista no mandamento de Jesus em Mateus 5:16: ‘Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus’. Ele diz claramente que nosso objetivo ao praticar boas obras é que os homens possam glorificar a Deus. Às vezes, quem fala muito de amor, mas não se concentra em Deus, como Jesus, faz declarações como esta: ‘Se você faz o bem aos outros com a finalidade de glorificar ao seu Deus, não está amando essas pessoas, porque existe um motivo oculto por trás disso’.
Quem faz esse tipo de crítica nunca conheceu a glória de Deus como o maior dom e a maior alegria que se possa imaginar. Que outro motivo teria alguém para dar a vida por outra pessoa (fazer o bem a ela) senão o objetivo específico de satisfazê-la para sempre com a glória de Deus? Esse motivo não é oculto: é explícito, básico, evidente. É a verdadeira essência do amor. Os seguidores de Jesus não fazem o bem sem ter o objetivo de conduzir quem eles amam à vida eterna. Sabem exatamente qual é o bem maior, o mais alto e o mais jubiloso: ver Deus em Jesus para sempre e experimentar isso. Esse é o objetivo deles, do qual não se envergonham. Para eles, um objetivo mais modesto seria falta de amor.
Jesus nos amou porque sacrificou sua vida para obter a glória de Deus para nós
Já vimos isto, mas é tão importante que merece ser visto em textos diferentes: Jesus amou dessa maneira. Na hora de maior sofrimento, ele deixou sua luz brilhar mais intensamente por meio de uma ‘boa obra’. Enquanto realizava a maior ‘boa obra’ deste mundo, ele pensou em voz alta: ‘Agora meu coração está perturbado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora?’ A resposta foi não. Em vez de pedir ao Pai que o salvasse, ele fez menção do motivo fundamental da chegada dessa hora: ‘Não; eu vim exatamente para isto, para esta hora. Pai glorifica o teu nome! (João 12:27,28) D.A. Carson está correto ao dizer que isso é ‘nada mais que uma articulação do princípio que controlou sua vida e ministério (7:18; 8:29,50)’3. Do início (2:11) até o fim (12:28), Jesus deixou sua luz brilhar – fez boas obras – para comprovar e manifestar a glória de Deus.
3. The Gospel According to John (Gran Rapids: Eerdmans, 1991), p.440.
Para Jesus, esse foi seu ato supremo de amor, não apenas porque lhe custou a vida (15:13), mas também porque obteve gratuitamente a maior dádiva possível para os pecadores. Ele orou por isso: ‘Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória...’ (João 17:24). Essa foi a dádiva final, a maior e a mais gratificante que recebemos de Jesus na ‘boa obra’ que ele realizou na cruz.
Isso não faz nenhum sentido para alguém que não vê nem experimenta a glória de Deus como a maior de todas as dádivas. Já para quem renunciou a tudo o que o mundo oferece (Lucas 14:33) e direcionou o coração para receber a ‘grande recompensa’ no céu, isto é, a alegria da glória de Jesus, o preço dessa recompensa que custou a vida de Jesus é o maior ato de amor imaginável.
Deixando nossa luz brilhar, como Jesus, na maneira em que morreremos
Quando nos exorta a deixar a luz brilhar para que os outros vejam nossas boas obras e glorifiquem a Deus, Jesus nos convida a participar da grande obra que ele veio fazer. Assim como buscou a glória do Pai mediante a morte, ele espera que façamos o mesmo. Jesus disse a Pedro: ‘Digo-lhe a verdade: quando você era mais jovem, vestia-se e ia para onde queria; mas quando for velho, estenderá as mãos e outra pessoa o vestirá e o levará para onde você não deseja ir’. Jesus disse isso para indicar o tipo de morte com a qual Pedro iria glorificar a Deus’ (João 21:18,19). Jesus tem certeza de que seus discípulos honrarão a Deus pela forma em que irão morrer.
A única pergunta é: como morreremos? Essa decisão está nas mãos de Deus, como Jesus deixa bem claro:
Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Portanto, não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais! (Mateus 10:29-31)
Se Deus decide como as aves devem morrer, por certo também decidirá como iremos morrer.
A luz de Jesus e a nossa em sua segunda vinda
A grande manifestação final e histórica do brilho da luz de Jesus – e da nossa – ocorrerá em sua segunda vinda. Ele nos diz como será esse brilho. Para ele, será assim: ‘Pois o Filho do homem virá na glória de seu Pai [...] e todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo das nuvens do céu com poder e grande glória. [...] assentar-se-á em seu trono na glória celestial’ (Mateus 16:27; 24:30; 25:31). Jesus veio a primeira vez para manifestar a glória do Pai e virá segunda vez para completar essa revelação, e os anjos ‘...tirarão do seu Reino tudo o que faz tropeçar e todos os que praticam o mal’ (13:41).
E quanto a nós? O que significará a segunda vinda de Jesus para nós? Sabemos que deixar nossa luz brilhar será nossa vocação eterna. Jamais deixaremos de ter essa vocação. É para isto que fomos criados: para nos alegrar com nossa grande recompensa – a glória de Deus em Jesus – a ponto de refletir seu valor infinito em atos de amor que obriguem as pessoas a ver, experimentar e demonstrar a glória de Deus. Vemos essa nossa luz que brilha eternamente em Mateus 13:43, onde Jesus diz o que ocorrerá com seus seguidores em sua segunda vinda: ‘Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai...’.
Esse é o nosso destino final. Contemplando a glória de Jesus (João 17:24), brilharemos com sua beleza e seu amor. A Igreja que ele prometeu edificar (Mateus 16:18) encontrará seu destino final ao refletir a glória de Jesus, para que nossa alegria nele seja cada vez maior, em razão das manifestações multiformes da Igreja no brilho de seus membros.
O Mandamento para brilhar
O mandamento de Jesus ao mundo é que todos os seres humanos encontrem nele a glória que nos dá plena satisfação e para a qual fomos criados. A seguir, ele ordena que deixemos de confiar nas coisas do mundo e depositemos a esperança na grande recompensa da alegria duradoura nele. E, depois dessa esperança e dessa alegria, ele ordena que deixemos nossa luz brilhar em atos de amor e sacrifício, para que os outros possam ver, provar e difundir a glória de Deus”.
Precisa ser dito ou escrito mais alguma coisa a esse respeito?
É isso aí. Fique na paz.
Publicado aqui por Éber Stevão