segunda-feira, 15 de novembro de 2021

MEU PRIMEIRO NATAL - PROFA. MARIA JOSÉ DE LIMA STEVÃO

 MEU PRIMEIRO NATAL

Prof. Maria José de Lima Stevão

O ano de 1943 estava chegando ao seu final, e o Dia de Natal acabava de chegar, cheio de alegria e esplendor!

Eu tinha 5 anos e assistia minha primeira festa de Natal na Igreja Evangélica Batista de Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

Estava no colo de minha irmã, ao lado de meus pais, na galeria traseira do templo, com olhos esbugalhados. Nunca tinha visto tamanha beleza! Aquela árvore toda enfeitada, completamente iluminada! Tanta gente reunida cantando “Nasce Jesus, Fonte de Luz, descem os anjos cantando” era encantador demais! 


Ouvi com atenção as poesias que crianças e jovens recitaram. No final da festa, todos nós ganhamos um pacote de balas.

Tudo para nós era novidade!

Meus pais e irmãos, recém-convertidos ao Evangelho, estavam se preparando para serem batizados nas águas na passagem do ano, dia 31 de dezembro.

Eles vinham do interior do Rio Grande do Sul, de onde saíram procurando uma vida melhor  para a família. Nós éramos 9 irmãos, e eu e meu irmão gêmeo os mais novos. Hoje ele é pastor.

Morávamos então numa região de praia, chamada Cassino, no município de Rio Grande, Rio Grande do Sul.

Os Natais de minha infância, adolescência e juventude, na igreja, foram muito festivos. Eu agora não só assistia, mas participava, cantando e recitando poesias, às vezes longas, que levava tempo decorando. 

Sempre ganhávamos roupas novas, o que só acontecia no Natal. E quando passava um, parecia nunca mais chegar o outro!

Assim cresci, e muitos Natais se sucederam...

Não havia comilança e nem tínhamos o hábito da Ceia de Natal. Fazíamos, sim, o “culto matutino”. Saíamos de casa, andando a pé uma grande distância, ainda de madrugada, para celebrar o anúncio do nascimento de Jesus aos pastores, que guardavam os seus rebanhos durante as vigílias da noite, segundo o relato bíblico de Lucas 2:8.

Após meus pais aceitarem a Jesus como Salvador, uma vida nova começou na nossa família.  Meus três irmãos mais velhos tinham 22, 20 e 18 anos. Eles se reuniam no quintal de casa naquelas noites quentes de verão, com o céu tão brilhante de estrelas que não cabia mais, e falavam da vinda de Jesus com tanta convicção e esperança, que me deixaram marcas indeléveis.  

Aprendi a ler com 6 anos, o que na época era uma grande façanha, porque não havia o desenvolvimento tecnológico que há hoje, e o acesso aos livros era muito limitado. 

Por acaso, ou não, acharam em casa um velho livro que continha a estória de uma “barquinha milagrosa”, e que começava assim: “A leitura, meus amigos, é como a barquinha milagrosa...” Foi a primeira estória que eu li.

Ao entrar para a Escola, comecei a ler muitas outras histórias e então compreendi que a leitura era muito importante, e o conhecimento como as águas. Quanto eu aprendi, lendo as “Joias de Cristo”, uma revistinha, tipo folheto, que todos os domingos ganhávamos na Escola Dominical! A barquinha podia navegar pelo mundo todo! E quantas coisas mais eu haveria de aprender!

Aos 9 anos, decidi que também precisava entregar minha vida a Jesus, e fiz isso, publicamente, num culto de quinta-feira à noite. Aos 12 anos fui batizada nas águas, junto com o José, meu irmão gêmeo.  

Ainda bem jovem já havia lido as histórias dos Heróis da Fé, missionários que tinham enfrentado dificuldades sem tamanho ao pregarem o Evangelho em terras distantes. Isso me impressionava demais!

Eu gostava muito de ler para minha mãe, e ela apreciava me ouvir. Ela sabia ler um pouco, e dizia que tinha aprendido na Bíblia. Amava sua leitura, e várias vezes eu a vi lendo.  

Também aprendi a amar a leitura da Palavra de Deus, e tenho aprendido com ela, a cada dia, mais coisas do que qualquer livro possa ter me ensinado.

Quando escrevi sobre o Natal, para um periódico da empresa onde eu trabalhava, não me omiti de falar sobre o Salvador do mundo, nascido numa manjedoura, e que era isso, na verdade, o que todos deviam comemorar.

Depois de constituir minha própria família, celebramos sempre o Natal junto com nossos filhos, com muita alegria e amor, lembrando o seu verdadeiro significado.

Com o passar dos anos, os filhos cresceram e foram indo embora, um a um, e nossos Natais já não foram os mesmos.

Hoje, cada um tem sua própria família; distâncias nos separam; mas meu desejo é que onde estiverem, nossos filhos e seus filhos, nossos netos e seus filhos, celebrem o Natal que se aproxima, não esquecendo o que ele significa: o nascimento daquele que foi e sempre será a razão principal de nossas vidas – Jesus, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Lucas 2:11

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