terça-feira, 20 de abril de 2010

É DEUS QUEM NOS ESCOLHE E NÃO NÓS A ELE

No meio evangélico muito se exalta os homens, as mulheres que são expoentes no meio cristão, devido aos seus jejuns, suas longas horas de orações, suas meditações extensas na Palavra, suas penosas caminhadas em direção às montanhas para “buscar” a poder de Deus para o povo.

Chega-se a afirmar e ensinar que essas são as condutas a serem seguidas quando se quer obter, de Deus, a atenção, além de ser uma forma de ser “escolhido(a)” para ser por Ele chamado para o servir.

Certamente que todas essas coisas são boas para se praticar, mas são nada mais do que meras expressões externas de uma crença e que na maioria das vezes, ficam apenas na religiosidade ou no legalismo.

É interessante notar os exemplos bíblicos de pessoas que foram poderosamente usados por Deus e que fogem completamente desse padrão humano estabelecido por homens que parecem desconhecer as maneiras misteriosas de como Deus trabalha para que a sua vontade se cumpra.

Entre inúmeros exemplos bíblicos, vamos ver alguns.

Abraão - O chamado de Abrão está registrado no livro de Gênesis 12:1 “Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei.” Abraão fora criado em um ambiente idólatra e não é de se estranhar que Deus tivesse que ordenar a Abraão para sair da casa de seus pais. Deus simplesmente escolheu Abraão e ponto. Nada de poderes especiais ou porque era milagroso.

Moisés – Vamos direto ao texto bíblico que diz assim: “E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o anjo do SENHOR em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima. E vendo o SENHOR que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui.” (Êxodo 3:1-4) Moisés não era homem de oração, nem metido a ser profeta de Deus, até mesmo porque era fraco na fala (ou era tímido demais ou gago, sabe-se lá). Veja o texto: “Ah, Senhor! eu não sou homem eloqüente, nem de ontem, nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao Teu servo, porque sou pesado de boca, e pesado de língua.” (Êxodo 3:10).

Dessas concepções completamente erradas, surgem as mais estranhas pregações nas igrejas, entre elas, algumas que enfatizam que “somos chamados para liderar”, “você tem que liderar”, pois Moisés também foi assim chamado, etc., etc.

Olhando bem clara e objetivamente os textos bíblicos acima, Abraão foi chamado, Moisés também, e o chamado foi muito específico a eles para executarem algo bem peculiar para Deus. Derivar para outras situações e forçar o povo de Deus a crer que todos são chamados para serem iguais a esses homens, é literalmente extrair água de pedra. Não se aplica e a exegese bíblica é, no mínimo, desvirtuada.

É como Eduardo Molina escreveu no site www.mesanodeserto.com: “Moisés não permitiu que os homens avaliassem a sua vida e conduta, antes, ele permitiu que Deus o avaliasse e o comissionasse para o trabalho de acordo com a sua vocação. Se olharmos para nossas vidas com o mesmo padrão que os homens olham, jamais estaremos à disposição do Reino. Essa é uma das razões pelas quais Igrejas não crescem e cristãos não amadurecem espiritualmente. Eles tem uma visão voltada para o que lhes é concreto, aquilo que os olhos conseguem ver... O importante nisso tudo, é ter a certeza que estamos no lugar que Deus escolheu para nós. Por isso, se você se acha pequeno, limitado, comum, tenha certeza que você é o que Deus está procurando.”

Jideão – É citado no livro de Juízes, no capítulo 6. Deus chama a esse homem “valoroso” da tribo de Manassés. O texto diz: “Então o anjo do Senhor veio, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o salvar dos midianitas. Então o anjo do Senhor lhe apareceu, e lhe disse: O Senhor é contigo, homem valoroso. Mas Gideão lhe respondeu: Ai, Senhor meu, se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém agora o Senhor nos desamparou, e nos deu nas mãos dos midianitas. Então o Senhor olhou para ele, e disse: Vai nesta tua força, e livrarás a Israel das mãos dos midianitas; porventura não te enviei eu? E ele lhe disse: Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai.” (Juízes 6:11-15)

Pelo texto acima, aos olhos humanos, não é possível ver nada de especial em Jideão, e muito menos estava ele preocupado em ser o “tal” para libertar ao povo de Deus da mão dos midianitas. Mas a forma que Deus escolhe é bem contrária à nossa concepção decaída de como “temos que ser” para que o Todo Poderoso nos escolha para lhe servir.

Jideão era simplesmente o menor dos menores. Ele não tinha nada para negociar com Deus, nada na sua vida tornaria Deus mais do que Ele é, nada na sua vida o indicaria para Deus lhe escolher, nada na sua vida permitia que ele dissesse “Deus, o Senhor precisa de mim para isso ou aquilo”. Deus não devia qualquer coisa a Jideão. Jideão não era rico. Jideão só poderia dizer uma coisa: “Deus apenas me chamou porque aprouve a Ele”.

Davi – Era ainda um adolescente que estava ocupado cuidando do rebanho de ovelhas de seu pai quando foi escolhido por Deus para ser rei. Em 1Samuel 6:10-12 está escrito: “Assim fez passar Jessé a seus sete filhos diante de Samuel; porém Samuel disse a Jessé: O Senhor não tem escolhido a estes. Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não nos assentaremos até que ele venha aqui. Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e formoso de semblante e de boa presença); e disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo."

Pode-se até inventar e imaginar muito acerca de Davi nessa fase da sua vida. Por exemplo, que ele era um modelo de dedicação ao trabalho do Senhor, um moço espiritual, cheio de devoção aos rituais do serviço de Deus. Nada disso, mesmo sendo formoso de semblante, muito provavelmente ele deve ter sido apenas um adolescente cheio de pó, fedido de ovelhas e da relva na qual vivia sentado ou deitado. Agora, Deus, conhecia o seu coração que tinha uma prioridade, a saber, amar ao Senhor de todo o seu coração.

Paulo – Era um dos principais da seita dos fariseus e tornara-se um implacável perseguidor daqueles que tinham se convertido a Jesus. Em uma de suas missões, agora a caminho de Damasco para “caçar” os seguidores de Cristo, lhe surgiu uma luz vinda do céu que o cegou, caindo do cavalo que montava. Uma voz estrondosa lhe perguntou: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 9:4) Era o próprio Jesus a quem ele perseguia. Não teve jeito mesmo, do alto pedestal da sua sabedoria intelectual, teve que se curvar diante da força poderosa do Espírito Santo.

Paulo estava “achando” que fazia um favor a Deus, mas estava completamente iluso. Um pouco mais adiante na sua caminhada com Cristo ele afirmou: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.” (I Timóteo 1:15,16)

Deus é assim mesmo, escolhe homens imperfeitos e cheios de falhas advindas da própria natureza humana. E por que Deus escolhe pessoas fracas, dúbias e temerosas como nós? Não é por nós, pelo que somos, fazemos ou pela nossa justiça, mas sim devido ao sacrifício de Jesus, a maior prova do amor de Deus e o principal motivo pelo qual Ele não desiste de nós.

Em todos esses textos acima, nós vemos quem é Deus e como Ele se revela de uma maneira magnífica a cada um deles. Temos que olhar para Ele e não para quem somos. Temos que olhar para a grandeza dEle e não para a nossa pequenez. Não podemos nos iludir com o que temos ou o que somos. Precisamos aprender a confiar nEle e depender dEle.

Tudo é por Ele, por causa dEle e para Ele.

Escrito e publicado aqui por Éber Stevão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Marcadores